As esmagadoras de soja chinesas adquiriram uma quantidade excepcional de grãos brasileiros nesta semana, em meio à escalada da guerra comercial que tem dificultado as importações de safra dos Estados Unidos. Como mostra reportagem do Estadao.com, os importadores da China compraram pelo menos 40 cargas do Brasil apenas na primeira metade desta semana.
O diretor-executivo da Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil), Fabrício Rosa, disse à reportagem que o cenário “consolida a importância do Brasil como grande fornecedor dos chineses”, e destacou outros importantes compradores da oleaginosa brasileira, como outros países da Ásia, Oriente Médio, União Europeia, além do Reino Unido e Rússia.
No entanto, ele ressaltou que o Brasil já está no limite de sua capacidade de exportação para a China. No ano passado, 73% das exportações brasileiras de soja tiveram como destino o mercado chinês, e a expectativa é de que esse percentual aumente ligeiramente neste ano.
“De qualquer forma, a soja norte-americana é importante e em algum momento os chineses terão que comprar deles. Os prêmios positivos nos portos brasileiros apontam isso que estou descrevendo”, ressalta.
Ao Agro Estadão, o sócio-diretor da Markestrat e professor da Harven Agribusiness School, José Lima, explica que — além das tarifas elevadas que encarecem a soja norte-americana e tornam a soja brasileira mais competitiva — há também a necessidade de liberar os estoques da oleaginosa no Brasil para dar espaço à nova safra.
“Tanto é que o prêmio da soja aqui no porto brasileiro deu uma disparada. Foi uma tentativa das importadoras de tirarem essa soja disponível, como um mecanismo dessa competitividade que o Brasil passou a ter com relação à soja vendida e oferecida pelos Estados Unidos”, ressaltou. Vale destacar que quando o prêmio aumenta significa que os compradores estão dispostos a pagar mais pela soja brasileira, porque o preço está mais atrativo.
Escalada da guerra comercial China-EUA
Nesta sexta-feira, 11, a China anunciou que vai aumentar as tarifas sobre produtos importados dos EUA para 125%, em resposta às sobretaxas norte-americanas que chegaram a 145% sobre produtos chineses.
Embora a guerra tarifária possa beneficiar a competitividade do Brasil frente aos EUA, o aumento das tarifas sobre produtos chineses pode reduzir a receita da China. Para o sócio-diretor da Markestrat e professor da Harven Agribusiness School, José Lima, isso pode acabar afetando negativamente as exportações brasileiras.