O governo brasileiro respondeu nesta sexta-feira (1º) às críticas recentes de autoridades venezuelanas, expressando surpresa com o “tom ofensivo” adotado nas declarações de Caracas. A crise diplomática se intensificou após a Venezuela convocar seu embaixador em Brasília e ameaçar declarar “persona non grata” o assessor especial da Presidência, Celso Amorim, que atua como principal interlocutor do governo Lula em questões sobre o país vizinho.
Em comunicado, o Itamaraty afirmou que “a opção por ataques pessoais e escaladas retóricas, em substituição aos canais diplomáticos, não corresponde à forma respeitosa com que o governo brasileiro trata a Venezuela e o seu povo.” A nota ocorre após a Assembleia Nacional da Venezuela, presidida por Jorge Rodríguez, propor moção para tornar Amorim indesejável no país. Rodríguez acusa o diplomata brasileiro de interferir em questões internas e “agir como instrumento dos EUA” em relação às eleições de julho, cujo resultado o Brasil não reconheceu oficialmente, exigindo transparência.
A crise ganhou novo fôlego quando a Polícia Nacional Bolivariana divulgou uma imagem em suas redes sociais insinuando uma “ameaça velada” ao governo Lula, acompanhada da mensagem “Caracas não aceita chantagens de ninguém” e a hashtag “Quem mexe com a Venezuela se dá mal”. Embora Lula não tenha sido mencionado diretamente, a publicação marcou o perfil de Diosdado Cabello, ministro do Interior e líder chavista, indicando apoio das altas esferas do governo Maduro.