Brasil tem pouco a perder retaliando EUA porque Trump respeita coragem, diz Nobel de Economia

O Brasil está diante de uma encruzilhada nas suas relações com o país mais rico do planeta. Na próxima semana, devem entrar em vigor tarifas de importação de 50% sobre produtos brasileiros — a maior alíquota anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em sua ofensiva comercial com todo o mundo.

Como reagir?

Para o economista americano Paul Krugman — especialista em comércio internacional que ganhou o Nobel de Economia em 2008 e é professor da Universidade da Cidade de Nova York — o Brasil teria muito pouco a perder se retaliasse os EUA, anunciando aumento na tarifa sobre produtos importados dos EUA.

Trump já avisou que qualquer retaliação brasileira seria seguida por alíquotas americanas ainda maiores.

“Tudo que vimos sobre a maneira como meu governo opera até agora é que as chances de realmente fazer [Trump] recuar são muito maiores se você mostrar que tem coragem e está preparado para reagir, do que se oferecer concessões”, disse Krugman em entrevista exclusiva à BBC News Brasil na quarta-feira (23/07). Confira mais abaixo trechos da entrevista.

“Eu não acho que isso [a retaliação] vai mudar a política americana, mas talvez possa funcionar.”

O governo brasileiro ainda não anunciou o que pretende fazer — mas diz estar em negociação com o lado americano para evitar que o tarifaço de Trump entre em vigor no dia 1º de agosto.

Krugman disse que o Brasil tem um nível de tarifas sobre produtos americanos levemente superior ao de outros países, e que poderia em tese oferecer algumas reduções em negociações para baixar ou adiar as alíquotas americanas. Mas o economista acredita que essa estratégia “não satisfaria nem de longe o governo Trump”.

Diante disso, a melhor alternativa, segundo ele, seria retaliar, o que poderia produzir resultados para o Brasil no longo prazo.

“Pode chegar um dia em que Trump e as pessoas ao redor dele vejam a futilidade de tentar intimidar o Brasil, e a chegada dessa data pode ser acelerada por retaliação.”

Krugman diz que as decisões de Trump contrariam acordos internacionais, e mostram que os EUA “fazem o que bem entendem”, sem respeito a tratados assinados pelo próprio país.

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