Capital do agronegócio, Sorriso ainda enfrenta desafios de infraestrutura

Sorriso, no norte de Mato Grosso, manteve em 2024 a liderança nacional no valor de produção agrícola brasileira, com R$ 7,2 bilhões, segundo a Pesquisa Agrícola Municipal (PAM) divulgada nesta quinta-feira, 11, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O volume corresponde a 0,9% do total do País. Apesar da posição de destaque, o montante representa queda de 13,7% em relação a 2023.

Pelo sexto ano consecutivo, o município liderou a renda agrícola. Além disso, no ano passado, Sorriso teve o terceiro maior valor gerado com a produção de soja (R$ 3,3 bilhões) e o maior com milho (R$ 2,4 bilhões), destacando-se também no algodão (R$ 1,3 bilhão) e feijão (R$ 195,7 milhões).

Considerada a capital do agronegócio, a cidade busca consolidar sua posição com projetos de diversificação e atração de investimentos. Em entrevista ao Agro Estadão, o prefeito Alei Fernandes destacou que o setor é o principal motor da economia municipal e do norte de Mato Grosso. “Praticamente 100% da nossa economia é movida pelo agronegócio. Mas não se trata apenas de plantar e colher. É indústria, mão de obra, serviços, logística.”, disse.

Gargalos e desafios
A expansão do setor, no entanto, esbarra em limitações de infraestrutura. O estado enfrenta deficiências energéticas que desafiam o uso de equipamentos modernos no campo. O escoamento da produção é outro ponto sensível. “Hoje discutimos muito a questão da energia, que é um ponto que deixa uma interrogação. A logística também precisa avançar, com a duplicação da BR-163 e a ligação com o Arco Norte, no Pará”, afirmou o prefeito.

Segundo um levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o estado tem hoje capacidade para armazenar apenas 49,41% da produção de soja e milho, estimada em 105,89 milhões de toneladas. A defasagem é agravada pela concentração da colheita: a janela ideal para retirada dos grãos se encurtou nos últimos anos, com safras colhidas em até 30 dias, o que gera picos de oferta, sobrecarga nos armazéns e congestionamento em portos e rodovias.

Já no que diz respeito à demanda energética, um estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) aponta que a demanda por energia na agricultura irrigada deve crescer 42,9% até 2040, passando de 3,5 para 5 gigawatts. O desafio é garantir que cidades como Sorriso acompanhem esse ritmo de crescimento.

Planejamento de longo prazo

Para lidar com essas pressões, a prefeitura lança nesta sexta, 12, durante o 1º Congresso Prefeitos do Agro, o programa “Sorriso 30 anos”, que define metas para a região até 2055. “A gente fez todo um planejamento em que a gente enxerga o nosso município daqui 30 anos e fazemos as ações para que a gente possa seguir nesse caminho, crescendo com responsabilidade e com sustentabilidade”, disse.

Entre as iniciativas que compõem a proposta está a implantação da Zona de Desenvolvimento do Agronegócio (ZDA), aprovada pela Câmara Municipal em julho. A lei prevê incentivos fiscais para empresas que investirem no município e adotarem práticas sustentáveis — como a redução de até 50% no IPTU, ISS, ITBI e taxas de instalação e funcionamento, mediante contrapartidas, como manutenção das atividades por um período mínimo de 10 anos e participação em capacitações.  “É um sistema preparado de legislação e incentivos para que a gente possa atrair novas indústrias e assim continuar desenvolvendo o nosso município”, explicou.

Além da atração de indústrias, a gestão local pretende corrigir 100% do passivo ambiental do município. “Nós produzimos muito, mas respeitamos muito o meio ambiente, cuidamos dele para que as gerações futuras possam continuar crescendo”, disse.

Congresso como vitrine

O 1º Congresso Prefeitos do Agro reúne gestores de 11 municípios com vocação para o agronegócio e registra mais de 600 participantes inscritos. O encontro discute gestão pública, infraestrutura, inovação tecnológica e sustentabilidade.

Para o prefeito, a escolha da cidade como sede reflete sua projeção nacional. “Temos levado Sorriso para o cenário nacional e internacional. Precisamos mostrar nossas potencialidades e atrair novos investidores para que a economia continue aquecida”, afirmou.

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