Celso Amorim tenta manter o fôlego com ‘Brics vazio’

Político nenhum deixa de ir a uma reunião quando o encontro faz bem para a foto. Sobretudo os ditadores. Os presidentes Vladimir Putin, da Rússia, e Xi Jinping, da China, decidiram não pisar na cúpula dos Brics no Brasil. Nada da dupla no retrato de abertura neste domingo, 6. Ainda assim, Celso Amorim se disse otimista quanto ao futuro do bloco. Ele assessor especial da Presidência da República, um conselheiro de Lula para assuntos internacionais.

Segundo Amorim, há uma preocupação do mundo em “enfraquecer” os Brics. Para ele, a entrada do Irã no bloco, por exemplo, não atrapalha o grupo. “Pode até favorecer uma negociação, até sobre o programa nuclear”, disse, em entrevista ao jornal O Globo, sobre a adesão do país dos aiatolás.

Em contrapartida, fez várias críticas a Israel. Na opinião dele, a única democracia do Oriente Médio não tem o “desejo de ouvir”. “Mas não vejo razão para a gente ter uma relação”, afirmou.

A conversa de Amorim

Para o conselheiro de Lula, os russos é que ouvem. “Não vou dizer que seja um interlocutor fácil, mas eles ouvem, e eles falam, se explicam”, disse. “Israel nem acha necessário se explicar. Vai fazendo e pronto.”

Pouco antes da entrevista, a Rússia fez um ataque massivo com drones ao território da Ucrânia — o maior desde que Vladimir Putin, presidente russo, decidiu invadir o país vizinho em fevereiro de 2022, para falar ao mundo que os russos é que mandam na região.

Origem do Brics

Rússia e China são os países fundadores do bloco, ao lado de Índia e Brasil. O nome do grupo remete a um analista do Goldman Sachs. Em 2001, cunhou o termo Bric, juntando a primeira letra do nome de cada país do quarteto.

A primeira cúpula oficial do grupo aconteceu em 2009, na China. Dois anos depois, houve a entrada da África do Sul. A partir daí, a sigla virou Brics, com o “S” do nome do novo membro em inglês. Por mais de uma década, apenas o quinteto fez parte do grupo. Em 2024, porém, novas nações foram aceitas no grupo. Entre elas, o Irã.

Pesos pesados no mundo

O poderio econômico chinês é o segundo maior do mundo — e o mais forte dentro do bloco. Perde apenas para os Estados Unidos. Ao lado da Rússia, a China tem importância extra dentro do grupo.

A dupla está entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU — as outras vagas são dos EUA, Reino Unido e França. Apenas os norte-americanos superam russos e chineses em aparato militar. Não é preciso que o mundo tire a força dos Brics. Basta que Putin e Xi parem de dar importância ao grupo. Amorim sabe disso. Ao menos, o conselheiro de um presidente deveria saber.

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