Com fim da COP 30, qual o futuro da AgriZone? 

“Gol” ou “golaço” são analogias que membros do setor agropecuário brasileiro usaram em diferentes momentos para definir o resultado da AgriZone durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30). O espaço foi uma área dedicada a mostrar o setor de uma forma palpável e interativa. Agora, a expectativa é de que o modelo seja replicado em futuras COPs. 

Estruturada a cerca de 1,5 quilômetros de distância em linha reta de onde ocorriam as negociações da COP, o espaço foi montado e idealizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O local utilizado é onde fica localizada a unidade Embrapa Amazônia Oriental. Ao todo, mais de 24 mil pessoas de 46 países diferentes passaram pela AgriZone durante os 11 dias de atividades. 

A unidade passou por uma reforma e além disso, uma série de vitrines vivas foram feitas ali, como é o caso do trigo, sorgo, soja e milho, todas plantadas com protocolos de baixo carbono. Outra exposição foram os diferentes sistemas agroflorestais, como cacau, açaí e café robusta amazônico. Agora, a proposta da Embrapa é manter parte do que foi feito para que o local vire um centro de referência internacional. Segundo a presidente da instituição, Silvia Massruhá, o pedido para um reconhecimento formal foi feito junto à Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

“Nós recebemos lá o diretor-geral da FAO [Qu Dongyu] e colocamos para ele, que ficou maravilhado com tudo, o pedido para transformar num centro internacional de referência em agrofloresta e agricultura tropical. Ele já demandou para o pessoal dele avaliar, porque a FAO tem uma metodologia própria para isso, mas eles gostaram muito da ideia”, comentou a presidente ao Agro Estadão.

A intenção, segundo Massruhá, é tornar o local um ambiente de cooperação entre os países do hemisfério Sul e também os países que se localizam no cinturão tropical, como é o caso da Índia, Indonésia, além de boa parte da África. 

Exportando a AgriZone

Massruhá também confirmou que já houve manifestação por parte da organização da próxima COP para entender melhor como funcionou o processo de construção da AgriZone. A 31º edição da Conferência do Clima está prevista para ocorrer na Antália, na Turquia, mas com uma presidência compactuada com a Austrália. 

De acordo com a presidente da Embrapa, uma espécie de diretório está sendo estruturado para poder entregar aos organizadores da próxima COP. O documento vai conter a forma como foi pensada a AgriZone, as equipes e frentes de trabalho e também os resultados, como os números de visitas. 

“Temos hoje um modelo feito para desenvolver a AgriZone. Achamos importante que a AgriZone seja mostrada em outros países, em outras COPs, porque a segurança alimentar é questão de paz mundial e entendemos também que a agricultura precisa contribuir cada vez mais com as mudanças climáticas, gerando tecnologias para adaptação. Foi isso que o Brasil quis mostrar. Tem tudo isso fundamentado, agora, eu acho, que podemos aproveitar essa metodologia como referência para ser usada nas próximas COPs”, destacou.

Furando a bolha

Quanto a uma auto-avaliação da AgriZone, Massruhá classifica que as “expectativas foram superadas”. Além disso, ela chama atenção para a presença da sociedade civil durante os dias da COP. 

“Tivemos visitas de negociadores, de pessoas de alto nível, como a rainha Mary da Dinamarca, o presidente da COP, embaixador André Corrêa do Lago, o diretor-geral da FAO, parlamentares, ministros, e uma série de comitivas internacionais, além da sociedade civil, com muitas famílias também visitando o espaço”, acrescentou a presidente. 

Na avaliação dela, isso demonstrou que o local conseguiu furar a bolha do setor e chegar a um público mais urbano. “A gente atingiu o nosso objetivo, que era de aproximar o meio rural das pessoas, para elas conhecerem de perto como é a produção de alimentos, que é um modelo sustentável, mas também demonstrar para todos que temos responsabilidade para aumentar a produção sem afetar o que está preservado, que temos alternativas para isso”, disse Massruhá.

Outro ponto comemorado pela presidente da Embrapa foram os acordos firmados com diferentes instituições, nacionais ou de representatividade globais. Ao menos três acordos de cooperação foram assinados durante os dias da COP 30.  

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