O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, foi “desconvidado” pela organização da Agrishow, uma das maiores feiras de agronegócios do país, da abertura do evento, da qual participaria na próxima segunda-feira (01/05), em Ribeirão Preto (SP). Importante ressaltar que o ministro havia confirmado sua presença na abertura da feira, na próxima segunda-feira (01/05).
O motivo é que o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), que ainda nutre forte apoio político do setor agropecuário, teria confirmado presença na cerimônia, o que poderia gerar certo “constrangimento”, segundo apurou a Globo Rural. Caso ele realmente marque presença, será o primeiro evento desde que voltou ao Brasil.
Nesta terça-feira (25/4), o ministro recebeu uma ligação do presidente da feira, Francisco Matturro, que informou sobre a presença de Bolsonaro e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, na abertura, e sugeriu a ida da comitiva de Brasília no dia seguinte.
A mensagem soou mal, mas o recado foi entendido pelo ministro. Fávaro não irá à abertura nem comparecerá à Agrishow em nenhum outro dia, segundo fonte próxima a ele. O evento tem patrocínio oficial do governo federal e do Banco do Brasil. Segundo a Globo Rural, a reportagem tentou contato com o presidente da feira, mas não obteve retorno.
Caso este cenário realmente se desenhe e Bolsonaro marque presença na feira isso deixará o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda mais distante do setor, com quem não se dá bem desde a campanha eleitoral. Durante o pleito, Lula fez duras críticas ao agronegócio.
Carlos Fávaro já havia reservado a data na agenda e planejava anunciar a liberação de mais de R$ 400 milhões de suplementação orçamentária para equalizar os juros de linhas de investimentos do Plano Safra 2022/23 durante a visita ao interior de São Paulo.
O recurso é capaz de apoiar o desembolso de R$ 12 bilhões em financiamentos de máquinas e equipamentos, por exemplo, o principal negócio da Agrishow. Várias linhas de investimentos do Plano Safra 2022/23, anunciado pelo governo de Jair Bolsonaro, estão fechadas desde o ano passado devido ao esgotamento precoce dos recursos alocados para subvenção dos juros.
O objetivo era, justamente, ampliar o cardápio de alternativas de financiamentos aos produtores em momento de dificuldade, juros altos e escassez de recursos, e aquecer as vendas no evento. A Globo Rural apurou que o anúncio dessa suplementação será reagendado para outro momento. Fávaro trabalha junto ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, por uma suplementação maior, de R$ 1 bilhão, capaz de equalizar cerca de R$ 30 bilhões em empréstimos ao campo.
O ministro também pretendia falar da construção do novo Plano Safra 2023/24, que deverá ser anunciado em junho, e da linha em dólar lançada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o agro recentemente.
