A manutenção da competitividade do Brasil no mercado agrícola global depende de fatores como novos modelos de negócio, investimento em tecnologia e adequação de formas de financiamento. Com esta visão, a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), em parceria com a B3, realiza o 23º Congresso Brasileiro do Agronegócio, com especialistas e representantes do setor. Será no dia 5 de agosto, no Sheraton WTC Hotel, em São Paulo.
O Congresso deste ano tem como tema principal a chamada biocompetitividade: a capacidade que o Brasil tem de entregar alimentos, fibras e energia, além de produtos de alto valor agregado para o mercado global. Citando dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a bioeconomia movimenta 2 trilhões de euros e é responsável pela geração de 22 milhões de empregos.
Entre as participações previstas, estão as do ex-diretor geral da Organização Mundial do Comércio, embaixador Roberto Azevêdo; Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA); Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura; Christopher Garman, diretor da Eurásia Group para a América Latina; e Sueme Mori, diretora de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
O presidente da Abag, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, justifica a escolha do tema, de um lado, na atual visão de descarbonização da economia associada à segurança alimentar. De outro, na percepção de que há um crescente protecionismo no mundo.
“Para um país como o Brasil, com grande capacidade competitiva, com produtividade, produzindo bastante usando menos, essa é a lógica que o Brasil tem que procurar. Daí o porquê do biocompetitividade para poder ser protagonista nesse novo cenário que o mundo está vivendo”, diz ele.
Carvalho explica ainda que o atual cenário global afeta o agronegócio brasileiro à medida que o país sofre as consequências do protecionismo e de iniciativas de regulação adotadas em outras partes do mundo. Para ele, os setores público e privado precisam e unir para dar a resposta necessária.
“O contexto interno estar unido e preparado para enfrentar essa pressão protecionista, essa tendência de regulação externa de forma que atenda à realidade do mundo tropical”, argumenta.
Um dos assuntos em discussão será o atual cenário geopolítico em meio a exigências cada vez maiores de práticas sustentáveis. No site oficial do evento, a Abag destaca a “necessidade de um alinhamento” para o agronegócio reafirmar seu papel no multilateralismo global.
Na visão da entidade, a geopolítica baseada na sustentabilidade tem uma influência cada vez maior da bioeconomia. E, com sua diversidade, além de uma matriz energética com fontes renováveis, o Brasil tem condições de consolidar seu protagonismo em uma economia global de baixo carbono.
Diálogo internacional
Outro tema do Congresso da Abag é o diálogo do Brasil com a comunidade internacional. Na visão da entidade, o mundo vive um momento de fragmentação, evidenciado por guerras, como a da Rússia e Ucrânia, e o chama de “escalada de tensões” entre Estados Unidos e China.
A entidade avalia que a situação coloca o Brasil em uma “encruzilhada”: “manter sua postura tradicional, baseada no diálogo simultâneo com diferentes nações e grupos de países, ou colocar-se formalmente como parte de “clubes” de países estruturados pela lógica de aproximação ou internalização de cadeias produtivas”.
O Congresso Brasileiro do Agronegócio terá também uma mesa redonda sobre Competitividade e oportunidades para o agronegócio brasileiro. E fará homenagens a personalidades do setor, com a entrega do Prêmio Norman Borlaug – Sustentabilidade e do Prêmio Ney Bittencourt de Araújo.
No ano passado, o evento teve como tema principal “Integrar para fortalecer”. De acordo com a Abag, o evento teve a participação de mais de 850 pessoas presencialmente e contabilizou uma marca superior a 6,4 mil acessos em seu canal de transmissão online.