A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) fez a entrega nesta sexta-feira, 31, de um documento que traz o balanço da pesquisa agropecuária no Brasil e apontamentos para avançar na adaptação climática. O documento intitulado de “Contribuições Embrapa para o Mutirão Global Contra a Mudança do Clima” foi apresentado ao presidente da 30º Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 30), embaixador André Corrêa do Lago, na sede da entidade, em Brasília (DF).
o que foi feito em termos de desenvolvimento de tecnologias pela entidade de pesquisa;
o que os pesquisadores ouviram de demandas nos diferentes biomas brasileiros;
as propostas para avançar na área de PD&I (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação).
Nove propostas da Embrapa na COP 30
Um dos pontos tratados no documento é a necessidade de que as inovações no setor se desdobrem em tecnologias que ajudem na adaptação da agricultura e pecuária para as mudanças climáticas. Para isso, a Embrapa propõe que essas novas pesquisas se orientem a partir de nove eixos:
Aumentem a resiliência da agricultura e dos sistemas alimentares terrestres e aquáticos aos eventos extremos e às novas condições climáticas;
Gerem materiais genéticos resistentes, resilientes e adaptados a diferentes condições de solo e clima;
Reduzam as emissões de gases de efeito estufa;
Aumentem a capacidade de fixação de carbono e de nitrogênio e promovam a biodiversidade no solo;
Promovam produtos de “baixo carbono” que agreguem valor;
Estabeleçam protocolos e a rastreabilidade dos sistemas de produção sustentáveis, com ênfase na sanidade vegetal e animal, visando certificação;
Gerem modelos de mitigação de riscos provenientes das mudanças climáticas;
Promovam o afastamento dos combustíveis fósseis, utilizando cada vez mais as fontes renováveis de energia a partir de biomassa;
Gerem produtos com alto valor agregado associados à bioeconomia da biodiversidade em todos os seis biomas brasileiros.
Financiamento ainda é desafio
Na etapa de escuta das demandas dos diferentes agentes que compõem as cadeias produtivas do setor, um dos pontos destacados é a necessidade de financiamento. Há dinheiro, mas o acesso ainda é restrito e limitado na ponta. Por isso, a estatal também indica que barreiras burocráticas atrapalham o caminho para que os recursos cheguem a grupos como os pequenos produtores.
Outro tema com esse viés são os Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA). A Embrapa aponta que é preciso “aprimorar e garantir” que essas verbas sejam obrigatórias e de longo prazo. “A previsibilidade e a obrigatoriedade dos fluxos financeiros são chaves para transformar compromissos em práticas de baixo carbono”, acrescenta a entidade.
Além disso, o fortalecimento associações e cooperativas também é indicado como caminho viável para uma facilitação no acesso ao crédito verde.
Métricas adaptadas à realidade
Outro tema chave discutido pela Embrapa é a necessidade de métricas de carbono que estejam adequadas para os diferentes tipos de sistemas produtivos e especificidades regionais. Isso ajuda na criação de dados e protocolos mais realistas à agropecuária tropical e reduz as incertezas sobre as emissões e sequestro de carbono nesses ambientes, segundo a entidade.
“Produzir dados adaptados às especificidades regionais permitirá orientar políticas públicas, tomar decisões baseados em ciência, compreender os riscos, direcionar investimentos e inserir as cadeias produtivas na agenda climática nacional e internacional”, ressalta o documento.
A demanda pela construção de calculadoras que consigam fazer um balanço de carbono considerando práticas sustentáveis adotadas pelos produtores e o valor das florestas preservadas dentro das propriedades é um dos apontamentos do relatório. Para a Embrapa, sistemas como Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) ou Agroflorestais (SAFs) acabam não sendo valorizados com as métricas tradicionais.



