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Convenção republicana com Trump ganha força, mesmo sem reforço na segurança

No fim da tarde deste domingo (14), o ex-presidente dos Estados Unidos e candidato republicano à presidência Donald Trump deixou o clube de golfe onde havia passado o dia, em Nova Jersey, e embarcou rumo a Milwaukee, no Wisconsin, onde a Convenção Nacional Republicana confirmará sua candidatura. No entanto, o Serviço Secreto norte-americano adiantou que, apesar do atentado a tiros sofrido por Trump neste sábado, não há reforço previsto para a segurança do ex-presidente, segundo informações da rede de televisão CNN.

A informação, no entanto, não impede que o evento aconteça – ao contrário, a convenção parece ter ganhado fôlego. Por meio da associação conservadora Turning Point Action, fãs do ex-presidente organizaram durante a tarde de domingo na cidade um ato para rezar pelo político e empresário e lhe desejar uma rápida recuperação após o atentado que sofreu ontem em um comício.

A eleitora republicana Alexandra Schwatge abriu um cartaz gigante com a imagem do rosto de Trump e um mural no qual outros apoiadores escreveram mensagens e desejos para Trump. “Você é nosso herói”, “Fique bom logo”, “Lute, lute, lute!” são algumas das frases que podiam ser lidas. “O presidente precisa saber que é amado, que nós o apoiamos e que nunca desistiremos. Vale a pena lutar pela liberdade dos Estados Unidos”, disse.

Outra apoiadora presente, Chris Leslie B., contou que, quando viu cenas do atentado, “não conseguia acreditar”. “Esperava que ninguém tivesse se machucado e, infelizmente, as pessoas se machucaram, e eu simplesmente não conseguia acreditar. Algo assim não acontece aqui desde (o ex-presidente Ronald) Reagan (baleado e ferido em um atentado 1981)”, declarou. Para ela, o que aconteceu é o resultado do fato de que “o país está realmente dividido pelo fato de que há facções extremas em ambos os lados tentando impor sua agenda, e as pessoas não estão no meio”.

Outro acréscimo à convenção é a presença da ex-embaixadora dos Estados Unidos na ONU Nikki Haley, última pré-candidata a desistir nas primárias que definiram o indicado para concorrer à Casa Branca pelo Partido Republicano e que foram vencidas pelo ex-presidente Donald Trump. Ela foi convidada de última hora para a convenção que vai oficializá-lo como candidato presidencial pela legenda.

Serviço Secreto não se rende aos questionamentos

A legislação americana prevê proteção especial do Serviço Secreto a qualquer candidato à presidência dos Estados Unidos. Este ainda não é o caso de Trump, pois para isso seu nome precisa ser ratificado pela convenção que começa nesta segunda-feira; no entanto, ele já tem esse direito na qualidade de ex-presidente do país.

No domingo, na primeira aparição pública de representantes do Serviço Secreto desde o atentado contra Trump, Audrey Gibson-Cicchino, que coordena a ação do órgão durante a convenção republicana, afirmou que não há planos para reforçar a segurança. “Os planos que temos permanecerão, e confiamos neles”, disse. Outras autoridades afirmaram que, até o momento, não há elementos que justifiquem uma mudança. “No momento não existem ameaças articuladas conhecidas nem contra a Convenção Nacional Republicana, nem contra qualquer um que esteja ali presente”, justificou Michael Hensle, agente do FBI responsável pelo escritório de Milwaukee.

De acordo com as investigações preliminares, o atirador, Thomas Matthew Crooks, 20 anos, agiu sozinho. Os investigadores ainda desconhecem os motivos de Crooks para tentar matar Trump, mas disseram que, do pouco que conseguiram extrair até o momento do aparelho celular do atirador, não há indícios de que mais alguém tivesse participado do ataque, ou mesmo que tivesse conhecimento dele.

Segundo a CNN, tanto o Serviço Secreto quanto o FBI alegaram, ainda, que uma dificuldade adicional para reforçar a segurança de Trump está na legislação do estado do Wisconsin, que é um open-carry state, expressão que designa estados onde é possível portar ostensivamente uma arma de fogo – no caso específico do Wisconsin, maiores de 18 anos nem sequer necessitam de permissão para tal.

Por causa disso, o máximo que as autoridades poderão fazer é instalar um perímetro de segurança, no qual só poderão entrar participantes credenciados da convenção, sem armas, e que inclui o local do evento, o Fiserv Forum – arena onde joga o time de basquete Milwaukee Bucks – e suas proximidades. Após muita discussão entre o Serviço Secreto e o Partido Republicano, o perímetro foi alargado para incluir um parque, de forma a impedir manifestações contrárias a Trump – a decisão foi tomada na segunda quinzena de junho.

O anúncio do Serviço Secreto sobre a manutenção dos planos de segurança para a convenção contrasta com as palavras do presidente Joe Biden, que neste domingo afirmou ter pedido a Kimberly Cheatle, diretora do órgão, que revisse todas as medidas de segurança de Trump, também durante o evento republicano. Além disso, ela ocorre em um momento delicado para o órgão, que foi bastante criticado pela sua atuação no comício em que Trump foi alvo da tentativa de assassinato.

Vários especialistas questionaram como foi possível que alguém tivesse tido acesso ao telhado de um prédio industrial com vista livre para o palco onde Trump estava, a uma distância que permitia o disparo com um fuzil como o que Crooks levava. Por mais que os atiradores do elite tenham conseguido encontrar e matar o atirador com enorme rapidez, o fato é que Crooks jamais deveria ter conseguido chegar ao local de onde fez os tiros, muito menos permanecer lá tempo suficiente para cometer o atentado.

Trump considerou adiar viagem; Nikki Haley confirmada na lista de oradores

Em publicação na rede social Truth, Trump afirmou que pensou em adiar sua viagem ao Wisconsin por dois dias, mas mudou de ideia. “Depois dos terríveis eventos de ontem [sábado], eu adiaria minha viagem ao Wisconsin e à Convenção Nacional Republicana por dois dias, mas decidi que não posso permitir que um ‘atirador’, ou potencial assassino, force uma mudança de planos”, escreveu o ex-presidente. O assessor Dan Scavino publicou um vídeo na rede social X, com a chegada da comitiva de Trump ao aeroporto em Nova Jersey:

Já a confirmação da ex-embaixadora dos Estados Unidos na ONU Nikki Haley no evento foi uma surpresa. Haley não tinha sido incluída no programa original, e sua equipe havia confirmado recentemente que ela não estaria presente em Milwaukee, mas seu porta-voz, Chaney Denton, disse neste domingo que ela será uma das oradoras. Seu discurso, de acordo com o jornal The Washington Post, está programado para terça-feira, segundo dia do evento.

O anúncio ocorreu um dia depois do atentado contra Trump. De acordo com o The Wall Street Journal, o episódio fez com que os republicanos quisessem mostrar uma imagem de união, e a participação de Haley responde a esse objetivo. Quando anunciou que estava saindo da disputa, em março, Haley quebrou a tradição histórica de endossar publicamente o adversário interno antes da eleição. Em vez disso, pediu a Trump que conquistasse a confiança de seus eleitores.

Em maio, ela mudou de posição e decidiu dar seu apoio, e no último dia 9, liberou os 97 delegados que ela havia conseguido nas primárias para que votem em Trump – o que nem terá efeito prático, já que Trump obteve 2.268 delegados nas primárias, bem mais que os 1.215 necessários para assegurar a candidatura nacional.

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