“Cooperativismo é a resposta para desafios como pobreza e transição verde”, diz OCB

Os números são significativos: mais de 1 bilhão de cooperados em todo o mundo e, no Brasil, já são 23,4 milhões de pessoas trabalhando no sistema de cooperativas nas mais diversas áreas, gerando 550 mil empregados diretos. 

No agronegócio brasileiro, o cooperativismo é responsável por uma parte significativa da produção, beneficiamento e comercialização de alimentos. São 1,1 mil cooperativas agropecuárias instaladas no país, reunindo mais de 1 milhão de produtores rurais e respondendo por 55% dos grãos produzidos no Brasil.

No Dia Internacional do Cooperativismo, comemorado em 05 de julho, e com o reconhecimento de 2025 como o Ano Internacional das Cooperativas pela ONU, o Agro Estadão conversou com o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas, que reforça a importância do setor para a segurança alimentar, na inclusão de produtores rurais e no desenvolvimento sustentável.

Quais são os desafios enfrentados pelas cooperativas do agro atualmente?

O cooperativismo agropecuário, diante de sua representatividade no agronegócio nacional, passa pelos mesmos desafios que são apresentados à agricultura e pecuária nacional, dentre eles a volatilidade de preços, custos, clima e conjuntura econômica. 

Apesar disso, nesses momentos desafiadores as cooperativas mostram que o modelo de negócios cooperativista tem de melhor, trabalho conjunto e colaborativo, além de poder de escala e capacidade de resolução de problemas no dia a dia com a presença do seu dono, o cooperado, nas cooperativas.

Esse cenário se resume em resiliência para o produtor rural cooperado, que consegue através de suas cooperativas garantir a continuidade da sua atividade agropecuária com um fator de defesa e potencialização adicional gerado pelo cooperativismo e sua presença horizontal em todos os elos do agronegócio nacional.

Como as cooperativas agropecuárias estão se adaptando às exigências de sustentabilidade?

As cooperativas agropecuárias estão na vanguarda da transformação sustentável no campo. Temos exemplos em todo o país de cooperativas que investem em boas práticas agrícolas, manejo regenerativo do solo, economia circular, rastreabilidade digital e certificações internacionais.

A grande vantagem das cooperativas é sua capacidade de organizar os produtores para atender de forma coletiva às exigências dos mercados. Com o apoio do Sistema OCB, por meio de programas como o ESGCoop e a atuação nos fóruns nacionais e internacionais, buscamos fomentar a adoção de práticas que conciliam rentabilidade com responsabilidade socioambiental.

Em termos de certificação, por exemplo, as cooperativas que exportam seus produtos de forma direta e indiretamente, são vanguardas na utilização de tecnologia para garantir o que tem de melhor do campo até a mesa do consumidor.

Que políticas públicas o setor cooperativista considera prioritárias?

O setor cooperativista e o Sistema OCB, diante da sua diversidade de regiões, públicos, cadeias produtivas e áreas de atuação, fica atento não somente em políticas públicas específicas relevantes, mas também focados na defesa do movimento para que o cooperativismo seja colocado nas políticas públicas como um instrumento de desenvolvimento econômico e social com respeito ambiental que gera prosperidade onde está inserido. 

Especificamente para inclusão e competitividade, esses aspectos já estão intrínsecos ao modelo de negócios cooperativista, mas são potencializados quando casados com políticas públicas que criam ambientes favoráveis ao ambiente de negócios e avançam não somente o cooperativismo, mas o Brasil como um todo. 

Qual o papel das cooperativas diante das transformações do mercado agroalimentar global?

Vejo as cooperativas como protagonistas da agricultura e pecuária brasileira, e como potencializador de um setor ainda mais eficiente, sustentável, inovador, inclusivo e conectado ao mundo.

A demanda global por alimentos continuará crescendo, e nesse contexto as cooperativas têm tudo para liderar esse processo porque unem tecnologia com gente, produção com cooperação, eficiência com propósito.

Na próxima década, nosso papel será fortalecer as cadeias locais e globais, promover a agregação de valor no campo, consolidar modelos de governança modernos e participativos e garantir que os produtores rurais cooperados continuem sendo os donos do seu próprio destino, para que continuem plantando desenvolvimento e colhendo prosperidade.

O que significa esse reconhecimento da ONU, tornando 2025 o Ano Internacional das Cooperativas?

É uma conquista extremamente importante para o cooperativismo mundial e, especialmente, para o cooperativismo brasileiro. O reconhecimento da ONU reforça a mensagem de que o modelo cooperativo é uma resposta concreta aos desafios do nosso tempo: combate à pobreza, segurança alimentar, justiça social, transição verde e inclusão econômica.

Para a agricultura e pecuária brasileira, é a oportunidade de mostrar ao mundo que nosso setor é produtivo, competitivo e, acima de tudo, cooperativo. Temos uma das experiências mais bem-sucedidas de cooperativismo agropecuário do planeta, e 2025 nos permite dar ainda mais visibilidade a isso.

Queremos que esse ano seja um marco para ampliar o diálogo com a sociedade, os governos e o mercado, mostrando que o futuro da produção de alimentos, segurança alimentar e fornecimento de matérias-primas globais passa, necessariamente, pela cooperação através do modelo de negócios cooperativista.

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