Coronel Francisco Miguel de Siqueira: um conservador no Sertão do Pajeú

Recebi de meu irmão Argemiro Perazzo Leite o link de um site (FamilySearch) em que estão registradas informações valiosas sobre meu tetra avô, Coronel Francisco Miguel de Siqueira. Resolvi escrevê-las e comentá-las para melhor conhecimento desse importante personagem, no sentido da projeção da Família Perazzo.  

Francisco Miguel de Siqueira era filho de Miguel Ferreira de Brito e de Antônia da Cunha Siqueira. Quando Francisco Miguel de Siqueira nasceu em 1801, o pai estava com 51 anos e a mãe com 15 anos. Com sua esposa Íria Nogueira de Carvalho (importante estirpe Nogueira de Carvalho, sobre a qual falarei em outra oportunidade), o casal teve 04 (quatro) filhos e 04 (quatro) filhas. 

O Coronel Francisco Miguel de Siqueira faleceu em 28 de maio de 1878, quando vinha de Afogados da Ingazeira para sua residência em Ingazeira, com 77 anos de idade. Acidentou-se. Caiu de seu cavalo. Foi sepultado na Ingazeira, no Cemitério, cuja construção teve seu grande apoio. 

O túmulo do Coronel Francisco Miguel de Siqueira, estava em ruínas. Soube que o Padre Luizinho impediu que fosse demolido, como pretendia a Secretaria de Obras do Município, sob o pretexto de uma reforma no referido cemitério. Fiz uma placa durante a Pandemia da Covid 19, e a coloquei no seu jazigo. Pretendo restaurá-lo com o mesmo modelo como foi construído. 

Quando minha bisavó materna (Amélia Leopoldina de Almeida Pedroza) foi batizada, teve como padrinho a esposa do Coronel Francisco Miguel de Siqueira (Íria Nogueira de Carvalho) e a pessoa de nome José Januário de Siqueira. Essas informações constam do meu livro “Da Itália Para o Brasil: Os Perazzo em Pernambuco”. 

Quando escrevi o livro acima citado, em coautoria com Elisa Perazzo, Sandra Perazzo e Rossini Corrêa (1999), eu não sabia quem era o personagem José Januário de Siqueira. Com as informações do site acima referido, agora já sei. Era um tio da minha bisavó, filho do Coronel Francisco Miguel de Siqueira. Sobre sua prole falarei adiante. 

Francisco Miguel de Siqueira (1801-1878) e Íria Nogueira de Carvalho (1803-1879), tiveram os seguintes filhos: Antônia Nogueira de Carvalho, Severino Mártir de Siqueira Brito, Miguel Torquato de Siqueira Brito, José Januário de Siqueira, Leopoldina Lina de Siqueira, Maria Tereza de Jesus, Senhorinha Lúcia de Brito e Izidro da Cruz Siqueira. É a prole do casal. 

 Leopoldina Lina de Siqueira, é a trisavó dos Perazzo da minha geração. É a mãe de minha bisavó materna Amélia Leopoldina de Almeida Pedroza (filha única), que se casou com o Tenente da Guarda Nacional Francisco Cassimiro de Almeida Pedroza. Duas outras  irmãs de minha trisavó casaram com dois irmãos do meu trisavô Francisco Cassimiro de Almeida Pedroza. São elas: Antônia Nogueira de Carvalho e Senhorinha Lúcia de Brito. Os três irmãos casados com as filhas de Francisco Miguel de Siqueira eram seus sobrinhos.  

O que pude saber sobre minha trisavó Leopoldina Lina de Siqueira? Em uma de minhas férias fui à Afogados da Ingazeira fazer uma pesquisa genealógica. Não me lembro o meu interesse no momento. Fui ao Forum e por uma feliz coincidência, localizei os autos do inventário dela, parte já destruído pela traça. Aspecto de abandono mesmo, fruto do nosso descaso com a nossa memória. 

Encadernei os autos do inventário. Muito simples e de poucas páginas. Digitalizei e já fiz chegar a um grande número de parentes. Eternizar a memória da família. Transcrevo abaixo (parte) do requerimento do inventário feito por Luiz Antônio Chaves Campos. Segue: “Ilmo. Senhor  Dr. Juiz Municipal de Afogados da Ingazeira. Luiz  Antônio Chaves Campos, na qualidade de Procurador do Capitão Antonio Perazzo, como se vê ao documento junto, vem requerer a Vossa Excelência se digne  processar ao inventário nos bens… por morte da progenitora de sua mulher…”. Afogados da Ingazeira 16 de junho de 1911. Luiz Antonio Chaves Campos”.  

Minha bisavó Amélia Leopoldina Perazzo Pedroza (é como consta seu nome no recolhimento do imposto), é a única herdeira. 

Eu já sabia que Antonio Perazzo era Capitão da Guarda Nacional por informação contida em uma escritura pública da “Fazenda Riachão”, cuja cópia me foi regalada por “Seu Perazzo”, em 1995. Nos autos do inventário referido, pude confirmar a patente do meu bisavô. Agora será nosso objeto de pesquisa localizar o título obtido por Antônio Perazzo, confirmando sua ascensão social. 

Um imigrante italiano pobre e analfabeto, que, em razão de seu matrimônio com a neta do Coronel Francisco Miguel de Siqueira se tornou um senhor proprietário rural importante no Sertão de Pernambuco, e Capitão da Guarda Nacional. Dificilmente seus compatriotas entenderiam esse alpinismo social! Só num país de importunidades como era o Brasil no Século XIX, e como continua sendo!

Pais e irmãos do Coronel Francisco Miguel de Siqueira. Como dito acima, Francisco Miguel de Siqueira era filho de Miguel Ferreira de Brito (1750-1829) e de Antônia da Cunha Siqueira (1786-1856). Quando Francisco Miguel de Siqueira nasceu em 1801, o pai estava com 51 anos e a mãe com 15 anos.

 São irmãos de Francisco Miguel de Siqueira: João do Prado Ferreira (1798-1858), Antônio Felipe de Vasconcelos Calaça (1800-….), Antônia da Cunha Siqueira (1800-….), Carlota Lúcia de Brito (1810-….), Joaquim da Cunha Siqueira (1800-….), Maria Lúcia de Brito (1800-…), e Miguel Torquato de Brito (1800-…). 

João do Prado Ferreira foi assassinado. Foi um produtor rural muito rico no Sertão de Pernambuco (Pajeú). Estou tentando localizar o processo no qual foi vítima do crime de homicídio. Ainda não localizei. É uma linha de pesquisa. 

Carlota Lúcia de Brito 

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Carlota Lúcia de Brito nasceu na Vila de Ingazeira em 1810. Era uma moça linda e inteligente! Irmã, como acima foi dito, do coronel Francisco Miguel de Siqueira, líder do partido conservador. Vinha de uma família bastante abastada para os padrões daquela época. Casou aos 15 anos com um homem chamado Jovino. Desse consórcio nasceu sua filha única. 

Depois de algum tempo de casada seu marido foi assassinado e ela resolveu sair da Ingazeira,  onde morava na zona rural da Vila. Saiu da Ingazeira em 1845 com sua filha e mais três escravos. Com destino a Paraíba, passou por São José do Egito (Fazenda São Pedro), Monteiro e chegou ao brejo Paraibano, na cidade Areia, onde comprou um sítio num lugar chamado Cantinho. 

Na cidade de Areia conheceu um influente líder do partido Liberal chamado Major Quincas, com quem manteria um relacionamento amoroso. O Major Quincas era adversário do Deputado Dr. Trajano Chacon do partido Conservador. 

Chacon não simpatizava com Carlota. Em razão dessa antipatia pela sertaneja, resolveu fazer-lhe uma humilhação em pleno centro da cidade de Areia. Tratou-a como prostituta e ainda lhe deu um chute que não a atingiu. Carlota jurou vingança e cumpriu. Contratou um jagunço na Vila da Ingazeira, conhecido como Antônio Brabo, que numa emboscada matou o Dr. Trajano Chacon. 

Ela e o amante foram identificados como mandantes do crime. Foram julgados pelo Tribunal do Júri de Areia e condenados à prisão perpétua. Cumpriram a pena na Ilha de Fernando de Noronha.   

O relato desse crime foi feito no livro “O Crime de Carlota Lúcia de Brito” – A Verdade dos Fatos, do professor paraibano Mário V. Carneiro Medeiro, com muita riqueza de detalhes. 

À guisa de conclusão, diria que a família Perazzo se limitou em considerar seus parentes apenas os descendentes da neta de Francisco Miguel de Siqueira, ou seja, Amélia Leopoldina de Almeida Pedroza, esposa do italiano Antônio Perazzo. Limitou seu parentesco, talvez apenas por uma questão estética, adotando o nome do imigrante italiano e abandonando os sobrenomes Siqueira e Brito. 

Nossa missão será incorporar os descendentes de Miguel Ferreira de Brito e Antônia Cunha Siqueira à nossa parentela. Mãos à obra!  

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