A prisão preventiva de Jair Bolsonaro, decretada neste sábado (22) pelo ministro Alexandre de Moraes, desencadeou uma reação imediata entre aliados do ex-presidente, muitos deles sugerindo que a escolha da data teria um caráter simbólico. A tese ganhou força nas redes e nos discursos de figuras próximas ao ex-mandatário, que apontam um suposto “fetiche” do ministro do STF pelo número 22, utilizado por Bolsonaro nas urnas.
Embora a coincidência tenha sido usada politicamente, o histórico do processo demonstra que as principais decisões do caso ocorreram em outras datas, sem relação com o número citado. Bolsonaro foi condenado pela 1ª Turma do STF em 11 de setembro, e sua prisão domiciliar havia sido determinada em 4 de agosto.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro disse que Moraes “age com simbologia” e lembrou que, ao multar o PL, o ministro aplicou uma penalidade de R$ 22 milhões. Em pronunciamento, afirmou que o dia 22 teria sido escolhido novamente para atingir o ex-presidente, que foi detido na manhã deste sábado. “Infelizmente, o ministro Alexandre de Moraes age com simbologia. Hoje, dia 22, está sendo preso [Jair Bolsonaro]”, disse, associando a data ao número do Partido Liberal (PL).
O deputado Marcel van Hattem (Novo-RS), em entrevista à Jovem Pan, reforçou a tese, afirmando que Moraes teria uma “obsessão” pelo número. “Alexandre de Moraes tem um fetiche pelo número 22”, declarou. Ele sugeriu que a operação teria sido planejada para coincidir com essa simbologia e criticou o que chamou de “premeditação” e “ataque à democracia”.
Já o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) elevou o tom ao acusar Moraes de “psicopatia” e classificou a detenção como “a maior injustiça da história”, afirmando que a escolha do dia 22 seria deliberada. “Alexandre de Moraes hoje mostra sua psicopatia em alto grau. Prender no dia 22, justamente o número do partido, um homem inocente, que reviraram a vida dele toda e não acharam um roubo sequer. É a maior injustiça da história.”
A ordem de prisão preventiva foi motivada por dois fatores principais: a convocação de uma vigília por Flávio Bolsonaro, que poderia gerar “tumulto” e facilitar uma fuga, e indícios de que o ex-presidente tentou violar a tornozeleira eletrônica. Moraes também mencionou o risco de busca por abrigo em embaixadas próximas à residência de Bolsonaro. A defesa reagiu, chamando a decisão de “perplexa” e “desnecessária”, alegando que ele estava monitorado pelas autoridades e que sua saúde é delicada. O PL também divulgou nota afirmando que tomará “todas as medidas necessárias” para reverter a ordem.
Redes sociais ironizam coincidência
Enquanto aliados falam em perseguição simbólica, a coincidência com o número do ex-presidente nas urnas virou motivo de piada nas redes sociais. A expressão “Feliz dia 22” se espalhou entre usuários que ironizaram o fato de a prisão ter ocorrido justamente no dia associado a Bolsonaro.
Cronologia evidencia que datas variam
A análise da linha do tempo enfraquece a tese de um padrão numérico.
• 11 de setembro: Bolsonaro é condenado a 27 anos e 3 meses por tentativa de golpe.
• 4 de agosto: Moraes determina prisão domiciliar como medida cautelar.
• 22 de novembro: ocorre a prisão preventiva.


