Deputado critica aumento fiscal sobre a pauta do boi e cobra mais diálogo com produtores

Durante a sessão ordinária desta terça-feira (6), na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), o deputado Tio Pablo (PSD) fez duras críticas ao aumento fiscal da pauta do boi e cobrou maior diálogo com os produtores rurais, especialmente os pequenos. Segundo ele, o debate sobre o tema foi conduzido de forma parcial, com a escuta apenas de representantes dos frigoríficos, ignorando quem realmente sente o impacto da medida: os agricultores familiares.

Pablo destacou que o aumento de cerca de R$ 30 por cabeça de gado pode parecer pequeno individualmente, mas representa um custo muito alto em transações maiores. “Quem vem comprar gado aqui não vem buscar 100 cabeças, vem buscar 2.000, 3.000. Multiplica isso por R$ 30 e veja quanto custa para o comprador. Quem paga essa conta é o pequeno produtor, que está lá no ramal, puxando sua inchada e limpando o pasto”, declarou.

O parlamentar também criticou a justificativa técnica apresentada para o reajuste da pauta, alegando que o objetivo real é reduzir o preço do bezerro para beneficiar grandes compradores. “A pauta hoje está sendo discutida única e exclusivamente para que o bezerro fique barato, para que ocorra a compra dos grandes de forma barata em cima dos pequenos. Somente isso. Não tem nada técnico”, afirmou.

Ao comparar os valores da pauta nos estados da região Norte, Pablo apontou que o Acre tem o maior valor: R$ 1.650 por cabeça. Rondônia, por exemplo, tem R$ 1.550, e o Pará, R$ 1.520. “O Pará tem um fluxo comercial muito maior e ainda assim tem uma pauta menor. Será que esses estados não têm controle fiscal? O nosso imposto é R$ 260 por cabeça. Isso não condiz com a nossa realidade”, criticou.

O deputado ressaltou ainda que o Acre possui uma das piores logísticas da região, o que dificulta o escoamento da produção e desestimula os compradores de outros estados. “Vocês acham que alguém vai sair de Rondônia para vir comprar bezerro no Acre, com uma logística precária, para pagar mais caro? Não vai. Entre sair de Rondônia e entrar no Acre, já cai dentro do buraco. É um desrespeito com quem está na ponta, no ramal, tentando tirar o bezerro do campo no meio do inverno”, pontuou.

Por fim, o parlamentar alertou para o impacto direto sobre os agricultores familiares, que representam a maioria da produção rural no estado. “Qual desses estados tem o maior número de agricultores familiares? É o Acre. E 95% deles vivem do bezerro. Essa pauta está penalizando justamente quem mais precisa do apoio do Estado”, concluiu.

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