A Câmara não serve apenas de palco para disputas. Também serve como espaço de consenso, sobretudo quando os deputados têm a ganhar. É o que está prestes a ocorrer para combater fraudes no INSS.
Recentemente, bilhões de reais foram desviados de aposentados e pensionistas do INSS. E os parlamentares não perceberam um só centavo indo para debaixo do tapete. Depois de o escândalo vir à tona, passaram a correr atrás do prejuízo. Houve uma enxurrada de propostas para tentar dificultar a ação dos criminosos.
Chuva de ideias
Os deputados apresentaram mais de 30 projetos de lei. Com tantas ideias, decidiram investir em um acordo para repartir a autoria.
A ideia é consolidar tudo que houver de melhor em um único projeto. O texto com os recortes foi encomendado a um deputado do União Brasil: Danilo Forte, do Ceará.
Ele deve apresentar a proposta depois da próxima terça-feira, 8. Na data, está marcada uma reunião para deliberar sobre o assunto. Na mesa, os líderes dos partidos. O aval deles definirá se o projeto vai para o plenário.
Ainda não há divulgação oficial do texto. Contudo, de acordo com o portal R7, o projeto de lei deve incluir a proibição de descontos automáticos nos contracheques de aposentados e pensionistas, além de restringir o acesso a empréstimos consignados.
Fraudes no INSS
Uma investigação da Polícia Federal revelou amplo esquema de fraudes e desvios de dinheiro das aposentadorias e pensões do INSS. A operação veio à tona em abril de 2025.
Os criminosos falsificavam documentos para tomar empréstimos descontados dos beneficiários. Os autores da fraude ficavam com o dinheiro, enquanto o prejuízo recaía sobre as contas dos aposentados e pensionistas. O prejuízo pode passar de R$ 8 bilhões.

A PF investiga a participação de servidores públicos e sindicatos nos crimes. Na lista, o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos, cujo vice-presidente é Frei Chico — irmão do presidente Lula. E não foi só aí que o governo sangrou com o escândalo.
Antes de o problema vir à tona, as possibilidades de irregularidades haviam sido denunciadas em reuniões do alto escalão do Ministério do Trabalho. Na época, o então ministro Carlos Lupi não teria dado a devida sequência às investigações. O caso levou à aposentadoria do político, ao menos do cargo de ministro.