Diário do Poder: O exemplo edificante de Luiz Gama

Voltando de uma viagem, a trabalho, que fiz ao Estado do Mato Grosso – estive em Pontes e Lacerda -, passei por Porto Velho, e me demorei algumas horas com minhas filhas e netos na capital de Rondônia. 

De minha filha Cynthia Perazzo, funcionária do Tribunal de Justiça do Estado, ouvi a história de superação de um negro, colega seu, que é um exemplo para os que, ao invés de lutarem, optam em se fazerem de vítimas. 

Relatou-me que esse colega (negro), era pedreiro. Estava trabalhando num prédio, onde se ministram cursos preparatórios para concursos. Ganhou uma bolsa, e fez um concurso para agente penitenciário. Teve êxito e estudou Direito. Passados dez anos, está agora na prova final de um concurso de Juiz de Direito. 

No início dos anos 90, li a literatura dos Alcoólicos Anônimos. Aprendi que uma das causas pelas quais as pessoas têm problemas com o álcool (tornam-se alcoólicos), decorre de sentimentos de autopiedade. O indivíduo se faz de “coitadinho” e afunda no álcool.

É o pecado da comiseração de si mesmo!

No capítulo 19, 2-10 do Livro I Reis, vemos um relato de alguém com padrões de pensamentos típicos do pecado de comiseração de si mesmo. O que os Alcóolicos Anônimos chamam de autopiedade. É a passagem bíblica sobre o profeta Elias no Monte Horeb. 

Eis o relato bíblico: “O encontro com Deus – Lá ele entrou numa gruta, onde passou a noite. E foi-lhe dirigida a palavra de Iahweh nestes termos: “Que fazes aqui, Elias? Ele respondeu: “Eu me consumo de ardente zelo por Iahweh dos Exércitos, porque os filhos de Israel abandonaram tua aliança, derrubaram teus altares, e mataram teus profetas. Fiquei somente eu e procuram tirar-me a vida”. 

Elias caiu na sedução de se fazer de pobre coitado. Apesar do zelo pelo seu Deus – diz em tom de lamúria -, “procuram tirar-me a vida”. Nos Evangelhos, que leio e releio, nunca identifiquei nenhuma passagem em que Jesus tenha tido esse padrão de pensamento: “pobre de mim”. 

Pelo contrário! Jesus olha para frente, com firmeza e determinação. “Eu te seguirei, Senhor, mas permite-me primeiro despedir-me dos que estão em minha casa”. Jesus, porém, lhe respondeu: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não é apto para o Reino de Deus”. 

Esse padrão de pensamento revelado por Jesus no texto acima, é o mesmo do Apóstolo São Paulo, meu modelo de homem de ação. Apesar de todas as dificuldades pelas quais passou para levar os Evangelhos aos pagãos, não se queixa: “… mas uma coisa faço: esquecendo-me do que fica para trás e avançando para o que está adiante, prossigo para o alvo, para o prêmio da vocação do alto, que vem de Deus em Cristo Jesus”. 

Um negro que age como o colega de minha filha é o Presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo. Ele tem feito duras críticas aos que procuraram se vitimizar por conta da cor da pele. Para Sérgio Camargo o Brasil não é um país racista. Inclusive defende que o crime de racismo seja aplicado a quem ofende pessoas brancas. 

Sérgio Camargo dá um testemunho de como o vitimismo no movimento negro se fortaleceu com apoio da Fundação Palmares. Quando deu esse depoimento, fazia apenas um ano e oito meses que havia assumido a instituição. Ao assumir à presidência da entidade, constatou que era uma “senzala marxista ou, se preferirem, uma senzala vitimista”. 

O movimento negro – diz Sérgio Camargo – usava a Fundação Palmares para criar um muro de separação entre negros e brancos. Fazer o que a esquerda gosta e sabe fazer: dividir a sociedade, criando ressentimentos e ódios. 

Ao assumir a Fundação Palmares, constatou Sérgio Camargo que alí, numa Fundação Pública, se praticava um verdadeiro culto à vitimização, que é, como eu disse acima, o pecado da comiseração de si mesmo. 

A literatura existente na Fundação – diz Sérgio Camargo – era toda em homenagem à esquerda. Só se via livros de Mao Tse-Tung, Joseph Stalin, Che Guevara, Carlos Marighella, e outros de igual jaez.  

Enfim, um centro de doutrinação do negro para se vitimizar. Em outras palavras, um sítio público onde se colocava uma venda nos olhos do negro, para que não pudesse enfrentar sua situação com realismo, como o fez o negro que era pedreiro e hoje está na iminência de se tornar um juiz, em apenas dez anos de esforço e luta de superação da barreira social.

O trabalho que está sendo feito na Fundação Palmares é de um importante simbolismo. O que se busca é demolir a agenda do movimento negro, que consiste em vitimizar os seus integrantes, criando ressentimentos e divisões que só favorecem o ódio que não edifica a sociedade.  

A agenda é o que a Nova Esquerda criou para impulsionar o movimento revolucionário comunista: legalização e liberação de drogas, o desencarceramento em massa, o aborto, e, evidentemente, vitimização do negro e dos bandidos. 

Eu mesmo, no início da minha carreira como Defensor Público, ainda quando não tinha me libertado completamente da doutrinação marxista que recebera na juventude, acreditava que os jovens que estavam em conflito com a lei, eram “vítimas da sociedade”, fechando os olhos para a responsabilidade individual. 

Muito cômodo! Um verdadeiro estímulo para os que já não têm senso de responsabilidade com a própria vida. Em outras palavras. Ao se transferir a responsabilidade para a sociedade, liberamos todos os freios morais para que o jovem enverede pela criminalidade e autodestruição. 

Sérgio Camargo dá um conselho a militância negra que ele considera idiotizada. Ele chama mesmo de negros de coleira.  Diz: “É preciso que o negro se liberte, que dê as costas a esse movimento e busque no estudo, na disciplina, no mérito, no trabalho, na família, na pátria e na religião as forças para vencer as dificuldades, que não são exclusivas do negro, mas de todos os brasileiros, independente de cor da pele”. 

São as dificuldades de um país em desenvolvimento. Um país que ainda tenta se afirmar perante as nações do mundo, tentando se libertar da ideologia perversa do comunismo, que ainda seduz multidões de jovens, inclusive negros.  

Para os que querem entender a agenda do movimento negro, quero fazer aqui algumas sugestões de leitura. Ideias têm consequências. Antes de chegarem ao conhecimento público as ideias são pensadas pelos intelectuais. No livro Tolos, Fraudes e Militantes, do escritor inglês Roger Scruton, se pode saber quem são os escritores que inspiram movimentos que, nas palavras de Sérgio Camargo, idiotizam os negros. Há outros livros do escritor e filósofo inglês. 

Por derradeiro, corroborando o que o Presidente da Fundação Palmares diz, de que a vitimização do negro só o mantém numa coleira da esquerda, como massa de manobra para impulsionar o processo revolucionário comunista, convém o conhecimento da biografia de Luiz Gama. 

No presente momento estou lendo “Luiz Gama – o advogado dos escravos”, publicado pela Editora Lettera.doc, de autoria do advogado Nelson Câmara, com prefácio do professor Miguel Reale Júnior. 

Luiz Gonzaga Pinto da Gama (1830-1882), é um exemplo de superação pessoal e dedicação ao próximo. Com dez anos de idade foi vendido pelo próprio pai como escravo. Com essa idade ficou sem pai e sem mãe, e o que é pior: escravo

Não aceitou sua condição! Não se fez de coitadinho! Obteve sua liberdade valendo-se da própria legislação do Império do Brasil. Estudou Direito e libertou mais de 500 escravos com base também na própria legislação do Império do Brasil.

O jovem negro colega de minha filha Cynthia, talvez não conhecendo a biografia de Luiz Gama, não se fez de coitadinho, agiu pelo modelo do grande advogado!

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