Diário do Poder: ‘Só a verdade pode nos libertar’

Nos anos em que a esquerda fez opção pela luta armada,  eu ainda era uma criança. Registro como referência o atentado que matou um jornalista (Edson Régis Carvalho), e feriu outras 15 pessoas, numa ação  terrorista praticada no Aeroporto dos Guararapes, em Recife. 

Eu estava com onze anos, em 1966, quando da prática desse ato brutal e insano. Soube agora que um dos autores do grave ato terrorista foi um ex padre (Alípio Freitas), que faleceu faz pouco tempo, com quase noventa anos. Militou nas Ligas Camponesas de Francisco Julião. 

Essa luta armada contra a “ditadura militar”, como apregoava a esquerda, atenuando sua responsabilidade nos atos de violência, em nome da causa revolucionária, supostamente para libertar o povo, e implantar o socialismo, perdurou até, mais ou menos, 1973, quando as forças de repressão, logrando êxito, barrou a escalada da violência revolucionária. 

Até o ano de 1971, vivendo no interior de Pernambuco, muito pouco sabíamos do que se passava no país, no que diz respeito às questões políticas. Sobre a luta armada, recordo-me de alguns cartazes de terroristas procurados, que vi  – salvo engano –  afixados no interior da Delegacia de Polícia ou de uma sorveteria. São pálidas lembranças. 

Quando terminei o curso ginasial, em 1971, não tinha como prosseguir estudando em minha cidade natal.  Nela não havia o segundo grau. Obriguei-me deixar a família e mudar para o Recife, se pretendesse dar continuidade aos estudos. Foi o que fiz. Em 1972 matriculei-me num colégio público na capital pernambucana. Eu estava com 16  anos. 

Fiquei alguns meses em Recife no ano de 1972. Com minhas dificuldades de acompanhar o curso científico – como era chamado o segundo grau naquele tempo – em razão de minhas deficiências, especialmente em matemática, fui estudar o curso clássico num Seminário Católico em Camocim de São Felix, no interior do Estado. 

Acho que foi o que me salvou de ser aliciado para integrar o movimento revolucionário. Como estudante pobre, com os ressentimentos que carregava em razão da exclusão social de que me julgava vítima (sentimento de autocomiseração), vivendo numa casa que abrigava estudantes carentes de recursos, tranquilamente, poderia ter sido doutrinado por um dos vários grupos da  esquerda revolucionária existentes à época no Recife. 

É o que concluo agora lendo o livro “A Verdade Sufocada”,  com o subtítulo “A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça”, 11ª edição, revisada e atualizada, comemorativa dos  cinquenta anos da contrarrevolução de 31 de março de 1964”, de autoria de Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandou o Doi-Codi, em São Paulo, no início dos anos 70. 

Agora explico os motivos porque decidi ler o livro acima mencionado, e como chegou às minhas mãos nesse momento em que passo minhas férias no interior de Pernambuco, de onde saí no início dos anos 70, para não mais voltar. 

Não me recordo em que evento na Câmara Federal, vi e ouvi o  deputado federal Jair Bolsonaro fazer referência ao livro acima citado, do militar Carlos Alberto Brilhante Ustra.  Sei que provocou uma grande indignação da esquerda. O autor era acusado de ser um torturador.  Um dos que faziam essa acusação ao autor era o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. 

Eu não desconhecia o autor citado por Jair Bolsonaro. No final dos anos 80, eu adquiri o livro “Rompendo o Silêncio”, de autoria de Ustra.  Mas, não tenho lembrança se havia lido a obra. Não me lembro do conteúdo. Mesmo porque, à época, eu tinha simpatia pela esquerda. Eu ainda não tinha apostatado dessa religião sem Deus (comunismo), que, mesmo sem ter sido doutrinado por alguém experiente, dela, ao longo dos anos,  fui me tornando um adepto,  sem o saber, como ensinava Antônio Gramsci.  

Pois bem. Ao passar os olhos pela estante de livros existentes aqui na casa do meu anfitrião, nas minhas merecidas férias no interior de Pernambuco, dei-me conta da existência do livro “A Verdade Sufocada”, de autoria de Carlos Brilhante Ustra, citado pelo Presidente Jair Bolsonaro, em evento parlamentar de cujo objetivo não me recordo.  

Decidi fazer a leitura do livro. É um calhamaço com 660 páginas, muito bem documentado e com muitas provas. Em menos de uma  semana li a obra. Dei a mim mesmo o direito ao contraditório. Enquanto adepto do comunismo eu não me dava essa oportunidade.  Se o autor era acusado de torturador pela esquerda, eu simplesmente não lia.  A acusação era como um dogma de fé. Um erro que não posso me permitir. 

Cada página de leitura concluída, ia me dando conta das mentiras e desinformações  usadas pela esquerda para fazer prevalecer sua narrativa de que tínhamos vivido uma cruel ditadura militar que torturava grandes idealistas que sacrificaram vida e liberdade, em nome da democracia e do estado de direito. 

Fui detectando mentiras e contradições que me mantiveram e a muitos outros, enganados!

No livro há uma mensagem de Che Guevara aos povos do mundo que me impressionou pela insensibilidade e o que é a crueldade de um revolucionário imbuído de uma convicção de que vai salvar o mundo. 

Eis o texto: “O ódio intransigente ao inimigo deve ir além das limitações naturais do ser humano.  Deve se converter em violenta, seletiva e fria máquina de matar. Nossos soldados têm de ser assim, um povo sem ódio não pode triunfar sobre um inimigo brutal”. 

Essa é a inspiração para se implantar o socialismo. Isso pode dá certo? Alguém pode conciliar os princípios cristãos com os valores dessa religião (comunismo) sem Deus?

O pensamento acima é de um herói da esquerda comunista. Eu, na minha ignorância, como muitos outros jovens, cheguei a usar camisetas na qual estava estampada a imagem desse frio assassino. 

Mas, no período da “resistência” à “ditadura militar”, o modelo de revolucionário a ser seguido era um, tão cruel, ou até mais do que Che Guevara: Carlos Marighella. Eis como deveria ser um guerrilheiro, na concepção dele ( Marighella), em comentário ao Minimanual do terrorista, da lavra de Claire Sterling:

“… não matam com raiva: esse é o sexto dos pecados capitais contra os quais adverte expressamente o Minimanual de Guerrilha Urbana de Carlos Marighella, a cartilha padrão do terrorista. Tampouco matam por impulso: pressa e improvisação o quinto e sétimo pecados da lista de Marighella. Matam com naturalidade, pois esta é “a única razão de ser de um guerrilheiro urbano...”.

Esses dois revolucionarios (Che Guevara e Carlos Marighella), foram os modelos de guerrilheiros que inspiraram os que cometeram atentados políticos, supostamente para libertar o povo brasileiro da opressão da “ditadura militar”, e implantarem o comunismo no Brasil, nos moldes das ditaduras da  China e de Cuba. 

Quem quiser se dá ao direito de conhecer o contraditório à narrativa da esquerda, de que foi vítima nas mãos da cruel “ditadura militar” implantada em 1964, é só fazer como eu estou fazendo: aventurar-se na leitura das 660 páginas do livro “A Verdade Sufocada”. 

Ouvir apenas um lado não é uma boa opção para quem quer conhecer a verdade. “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Recomendo a leitura do livro, que é um testemunho de quem foi  um dos atores (contrarrevolucionário) desse período conturbado da vida brasileira.

Mas, há uma  contradição do discurso da esquerda, que, à guisa de conclusão, vou comentar a partir de um pequeno texto, constante do livro, que é uma síntese do que pensava Marighella, para fazer a revolução comunista. 

Dizia o revolucionário: “A experiência da revolução cubana ensinou, comprovando o acerto da teoria marxista-leninista, que a única maneira de resolver os problemas do povo é a conquista do poder pela violência das massas, a destruição do aparelho burocrático e militar do Estado a serviço das classes dominantes e do imperialismo e a sua substituição pelo povo armado”.

Eu negritei, no final do texto, povo armado. A esquerda, contraditoriamente, quer o povo armado para fazer a revolução comunista. Mas, quer o povo desarmado – portando apenas livros como disse Lula da Silva – quando está no poder. 

O povo brasileiro foi desarmado exatamente quando o Partido dos Trabalhadores (PT) chegou ao poder em 2002. 

O referendo sobre a proibição da comercialização de armas de fogo e munições ocorreu em 23 de outubro de 2005, quando Lula da Silva era o Presidente do Brasil. 

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