Diário Teológico: A segurança em Cristo e o cair da graça

O Novo nascimento e a Regeneração são peculiares aos Eleitos. É fundamental pensarmos sobre a questão: considerando que Jacó Armínio fazia uma distinção entre Eleito e Crente, precisamos considerar até que ponto é correta a designação “cair da graça” ou “perder a salvação”, enquanto estamos tentando equilibrar a presciência de Deus, ao passo em que consideramos como verdadeiros e severos os alertas encontrados em alguns versículos bíblicos, acerca de um potencial e possível afastamento da fé.

Assim compreendemos esta questão: sabendo de antemão o que de fato ocorreria aos homens quando estes recebessem a iluminação de sua graça preveniente, Deus determinou eleger (termo usado pelos remonstrantes) para a salvação aqueles que perseverariam nesta fé “sempre […] com o auxílio da graça do Espírito Santo”, até ao fim. Isto é o que cremos estar de acordo com o que as Escrituras afirmam sobre a característica distintiva de um eleito que está em Cristo; as Escrituras afirmam: “como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo” (Ef. 1:4); “e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (Ef. 2:6): a eleição é corporativa, de indivíduos unidos, pela fé, a Cristo. Lemos no Artigo I da Remonstrância:

“Art. 1. Que Deus, por um eterno e imutável plano em Jesus Cristo, seu Filho, antes que fossem postos os fundamentos do mundo, determinou salvar, de entre a raça humana que tinha caído no pecado – em Cristo, por causa de Cristo e através de Cristo – aqueles que, pela graça do Santo Espírito, crerem neste seu Filho e que, pela mesma graça, perseverarem na mesma fé e obediência de fé até o fim; e, por outro lado, deixar sob o pecado e a ira os costumazes e descrentes, condenando-os como alheios a Cristo.” [1]

O fato dos próprios remonstrantes iniciarem afirmando que “Deus […] determinou salvar, de entre a raça humana […] aqueles que, pela graça [salvadora] do Santo Espírito, crerem neste seu Filho, e que, pela mesma graça [salvadora], perseverem na mesma fé e obediência de fé até o fim”, nos mostra que a graça salvadora, quando da execução do decreto eletivo, é concedida e é própria aos que foram eleitos segundo a presciência, ao passo que, aqueles que perseverarão até ao fim resistindo à mesma graça salvadora, nosso Deus achou por bem “deixar sob o pecado e a ira os costumazes, e descrentes, condenando-os como alheios a Cristo”.

Do Artigo I da Remonstrância podemos depreender que Deus “deixa sob o pecado e a ira costumazes” aos “descrentes”; podemos afirmar que tais “descrentes” são aqueles que sempre resistem à graça salvadora, e é pelo motivo de resistirem-na até ao fim, que caem em ruína, não poucas vezes exposta diante de todos, de “[…] modo que sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao seu próprio vômito, e a porca lavada ao espojadouro de lama” (II Pedro 2:22).

Portanto, o homem apenas é capaz de declinar daquele seu reflexo relativo à graça que consiste na sua própria fé, a qual, embora seja gerada pelo meio absoluto da graça preveniente, não retira do homem a exigência de adentrar à graça salvadora; aqueles que um dia adentram-na, invariavelmente perseverarão até o fim na fé, pois a graça salvadora é também santificadora até o fim, conforme o conhecimento antecipado de Deus: “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hebreus 12:14); diferente da fé que consiste em nossa reação à graça preveniente que prepara, chama, convoca e, principalmente, pode produzir fé verdadeira em todos os que creem, sejam eleitos, ou não-eleitos, sendo a distinção entre um e outro a perseverança nesta fé, não é de se estranhar os muitos alertas bíblicos.

Podemos perceber que, no final das contas, todo aquele que não perseverou na fé até ao fim, não é um Eleito, e por sua própria deserção da fé, foi preterido por Deus, que o teve por “descrente”, visto que o tal não perseverou na fé até ao fim, que é a marca distintiva dos Eleitos de Deus.

Diante de tais fatos, considerando os artigos da Remonstrância, devemos nos perguntar se aquele que um dia foi regenerado, que abraçou a graça salvadora, é capaz de voltar a uma prática constante de pecado, vindo, com isso, a declinar e “cair da graça”, ou vir a “perder a salvação”, por assim dizer.

Em outras palavras: o novo nascimento é próprio do eleito ou Deus também o concede, quando na execução da salvação, àqueles que Deus de antemão sabe que declinariam da fé? Poderíamos ainda inquirir de uma terceira forma: aqueles que, a princípio, recebem-na, mas não perseveram na fé foram de fato, “incorporados em Cristo por uma fé verdadeira, e consequentemente […] feitos participantes do seu Espírito vivificante”? Os principais expoentes dos ensinos de Armínio afirmam a possibilidade; aqueles que a princípio creem e depois declinam da fé, foram de fato “incorporados em Cristo, por uma fé verdadeira”. Negamos completamente tal possibilidade; julgamos que os tais jamais foram conhecidos pelo bom Mestre: “Então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mat. 7:23).

As principais citações que arminianos clássicos fazem em defesa de um salvo “cair da graça” como consistindo numa doutrina de Armínio, são encontradas em As Obras de Armínio; no Vol. I, quando o reformador fala de seus sentimentos quanto à Perseverança dos Santos; ele afirmou:

“O meu sentimento a respeito da perseverança dos santos é que as pessoas que foram enxertadas em Cristo, pela fé verdadeira, e assim têm se tornado participantes de seu precioso Espírito vivificador, dispõem de poderes suficientes [ou] forças para lutar contra Satanás, contra o pecado, contra o mundo e a sua própria carne, e para obter vitória sobre esses inimigos, mas não sem a ajuda da graça do mesmo Espírito Santo. Jesus Cristo, também pelo seu Espírito Santo, as auxilia em todas as tentações que enfrentam, e lhes proporciona o pronto socorro de sua mão; também entendo que Cristo as guarda não as deixando cair, desde que tenham se preparado para a batalha, implorando a sua ajuda, e não querendo vencer por suas próprias forças. De modo que não é possível para eles, por qualquer astúcia ou poder de Satanás, serem seduzidos ou arrancados das mãos de Cristo. Mas acho útil […] instituir uma investigação diligente das Escrituras a fim de que não seja possível que alguns indivíduos, por negligência, abandonem o início da sua existência em Cristo, e unam-se novamente ao presente século mau, declinando da sã doutrina que uma vez lhes foi entregue, e que percam a boa consciência, fazendo com que a graça divina seja ineficaz em suas vidas.
 
Embora eu aqui, de forma aberta e ingênua afirme que nunca ensinei que um verdadeiro crente pode tanto cair totalmente distanciando-se da fé, e perecer, não vou esconder que há passagens das Escrituras que pareçam usar este aspecto; e, segundo o meu entendimento, há respostas para elas que me fora permitido ver, que não são tão boas a ponto de aprová-las em todos os pontos. Por outro lado, certas passagens são produzidas para a doutrina contrária que são dignas de muita consideração. [2]

Devido a tal afirmação feita por vários arminianos, muitos dos Batistas encontram uma enorme dificuldade em assumir-se enquanto arminianos, embora sua soteriologia anabatista os leve quase que a concordar com a inteireza dos outros pontos, ao passo que não abraçam as visões calvinistas de forma alguma, salvo a questão da vida eterna (sinônimo de ‘perseverança dos santos’ para os Batistas), e por motivos alheios aos dos calvinistas e sua mecânica da salvação demasiadamente determinista.

Tal reação dos batistas do Brasil se dá, talvez, para evitar lidar com a questão da “perda da salvação”, o que é inegociável. Creio não ser necessário abrir mão da consciência e afirmar uma perseverança antevista e os demais pontos do arminianismo, como ocorre com a inclusão do Molinismo dentro da soteriologia arminiana ou calvinista, por exemplo. Por vezes, passagens bíblicas são utilizadas pelos demais arminianos para afirmar a possibilidade de se “perder a salvação”; mas, notemos bem que os mesmos nos alertam para não “abandonarmos a nossa confiança”, a qual é resultado da graça. Mas tal fé é resultado de qual graça, a preveniente ou da graça salvadora?

Estas graças são dadas por Deus exclusivamente para aqueles que Deus conhece que perseverariam até ao fim, ou também as concederia para aqueles que, por sua presciência, Deus conhece que não perseverariam nela – na salvação –, e assim viriam a “perder a salvação”? Consideremos bem o ponto.

Defendemos que, sendo Deus conhecedor dos eventos contrafactuais, ele decide soberanamente ofertar sua graça salvadora que pode causar o novo nascimento àqueles que crerão, dentro da Plataforma dos Eventos Possíveis [3]; a estes Deus de antemão conheceu que não perseverariam até ao fim, pois não houve lugar para arrependimento mas apenas a vil convicção de uma mente corrupta entregue por um tempo às bondades e belezas exteriores da santíssima fé, porém, não misturada com a fé que produziria o novo nascimento, pelo que Deus não os concede esse o novo nascimento pela vilania de seu coração não arrependido. 

Por outro lado, uma vez que a fé é a reação humana à graça salvadora, e esta, por conseguinte, ser resultado da operação de Deus, precisamos olhar a relação “fé e graça” e introduzi-la na relação “Deus e Homem”, e não somente isto, mas considerar desta feita as reações Deus e Homem.

A fé é humana enquanto tal: Deus não pode crer em nosso lugar; sendo ela advinda da natureza mutável humana (embora motivada pela graça), pode ser mudada; é devido à fé humana que os textos de apostasia e afastamento precisam ser considerados seriamente, afinal, apenas uma nova natureza embutida no ser do homem pode tornar possível a perseverança nesta graça da salvação.

O homem pode perder a fé, pois ela é sua própria, embora motivada pela graça; uma vez que a graça preveniente é resistível, o homem pode possuir uma reação a priori e depois mudar as disposições e inclinações de Seu coração, vindo a perder a sua fé em Cristo. Atente bem: fé como reação à graça, e não como transformação regeneradora ou aquisição dos benefícios da salvação, próprios aos eleitos.

Enquanto o tal manteve sua fé em Cristo, era uma fé sincera, similar à dos eleitos, mas da parte de Deus – a entrada à graça da salvação – jamais nascera de novo; o tal se achou num estado de “grande iluminação” espiritual, prestes a crer, pela graça preveniente, sem, porém, fazê-lo; assim, não adentrara a arca da salvação.

Ao mesmo tempo, a graça preveniente estando disponível a todos, e sendo Deus imutável, não é possível dizer que um homem perca sua salvação, pois “Do SENHOR vem a salvação” (Jonas 2:9); ora, vindo do Senhor a salvação, ela não é do homem, mas de Deus. Sendo ela – a salvação – de Deus, um homem pode receber uma determinada iluminação excedente e resistível de graça, sendo possível até mesmo vislumbrá-la exteriormente, mas o tal não é um nascido de novo, visto que não perseverará na fé por disposição de seu próprio coração: “Qualquer que é nascido de Deus não permanece em pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus” (I João 3:9).

A Graça preveninente está disponível a todos os homens, e por ser assim, pode produzir no homem duas reações: a fé verdadeira e a fé falsa, e ambas são reações que revelam a disposição do coração em relação a Cristo. Quanto à fé falsa, é uma reação humana errada à graça e por sua natureza, será a semente da Palavra comida à beira do caminho; é a fé que logo se escandaliza, e que é sufocada.

Quanto à fé verdadeira, ela não é particular aos eleitos. Usando a linguagem de Armínio, tanto o Crente – aquele que está crendo –, quando o Eleito – aquele que está crendo e perseverará crendo até ao fim – podem vir a obter, devido à operação da graça preveniente, a reagirem igualmente, em virtude da grande iluminação e luz excedente, com uma fé sincera, e apenas poderiam assim reagir em razão do auxílio Divino; é por tal razão que a fé sincera, tanto do Eleito, quando do Crente, é produto da graça preveninente, a qual está disponível para todos, mas o arrependimento, apenas é produzido pela disposição do coração à graça salvadora.

O Crente pode vir a perder tal fé que agora professa em seu coração, uma vez que possui a mera iluminação, mas confundindo-a como a graça salvadora, vem depois a naufragar e assim, não persevera na arca da salvação, fazendo o oposto daquilo que Paulo quer que um eleito faça: “Conservando a fé, e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, fizeram naufrágio na fé” (I Timóteo 1:19).

Aquele crente que declina, não declina da salvação, mas declina da fé, pois da salvação participa aquele que nasce de novo, e o novo nascimento é peculiar ao eleito, uma vez que o decreto de Eleição assim previra, a saber, uma união vital com Cristo. Deus promulgou tal decisão soberana, ao conhecer de antemão os que livremente voltar-se-iam a Ele e nele perseverariam até o fim; a estes, Deus designou conceder o nascer de novo, enquanto que aqueles, embora trazidos pela graça preveniente para vislumbrarem a arca, caminham até certo ponto, mas nunca adentram-na, não apropriando-se daquilo que Deus obteve para eles, antes, rejeitam sua oferta genuína de amor salvífico; os tais, não ressuscitam com Cristo e produzem uma fé vã (I Coríntios 15:14,17); se assim o fizessem, nasceriam de novo e seriam salvos. É por tal razão que Armínio pôde escrever sobre os dois aspectos da expiação:

“Afirmo que é preciso fazer uma distinção entre a redenção obtida e a redenção aplicada, e declaro que ela foi obtida para o mundo inteiro, e para todos e cada um dos homens; mas ela foi aplicada apenas aos fieis e aos eleitos.” [4]

Enquanto participantes dos méritos da redenção obtida, Deus manifesta seu convite salvífico a todos os homens, e alguns, desta fé se apropriam por um tempo, vindo depois a abandoná-la para sua própria ruína. Aquele crente que declina na fé e naufraga, naufraga após ter Deus instado com ele, e o tal, por sua vez, instado em seus pecados, resistindo à graça salvadora até o fim, embora tenha sido iluminado por um tempo pela graça preveniente com luz excedente.

Aquele que perde a fé, perde-a após se lhe ter sido revelada toda a realidade salvífica que está do lado de dentro; todos podem encontrar na arca da salvação tais realidades, como um arquiteto apresenta ao seu cliente as glórias de um arquétipo e após concluída a obra, mostra-lhe as glórias reais que o mesmo encontrara no arquétipo, agora em escala real, caso deseja adentrar ao imóvel; para que o Deus Espírito Santo leve um homem até aos seus aposentos, é lhe exigido fé verdadeira que causa perseverança. Aquele que apenas se contenta com a maquete da arca, apresentada pelo Espírito Santo por meio da graça preveniente, sequer nela entra, embora a admire e nela deseje estar por um tempo, mas depois, afasta-se da arca, e não mais aproxima-se dela, para sua ruína eterna.

Aquele que está participando da esperança da graça salvadora – vislumbrando o arquétipo – é diferente daquele que até o fim faz da arca a sua morada e estes Eleitos, mesmo podendo vir a, nalguns momentos, viver semelhante a quando ainda não haviam dado entrada à graça salvadora, no entanto, logo se voltam pela graça santificadora à maneira de viver digna de um nauta.

Voltando às palavras de Armínio, quero enfatizar, da citação acima, o que ele afirmou sobre o declínio do cristão:

“Mas acho útil […] instituir uma investigação diligente das Escrituras a fim de que não seja possível que alguns indivíduos, por negligência, abandonem o início da sua existência em Cristo, e unam-se novamente ao presente século mau, declinando da sã doutrina que uma vez lhes foi entregue, e que percam a boa consciência, fazendo com que a graça divina seja ineficaz em suas vidas.” [5]

Atentando para a última parte da afirmação de Armínio, é impossível deixar de saltar aos olhos que Armínio lida com a severidade da possibilidade real de um afastamento da fé; Armínio preocupava-se que a presciência de Deus não fosse motivo de antinomia e frouxidão moral: a fim de que não seja possível que alguns indivíduos, por negligência, abandonem o início da sua existência em Cristo, e unam-se novamente ao presente século mau, declinando da sã doutrina que uma vez lhes foi entregue”; esta preocupação de Armínio está de acordo com as Escrituras.

As Escrituras nos afirmam: “Pois quê? O que Israel buscava não o alcançou; mas os eleitos o alcançaram, e os outros foram endurecidos” (Romanos 11:7); lemos ainda sobre a perseverança na fé: “A vós também, que noutro tempo éreis estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora contudo vos reconciliou no corpo da sua carne, pela morte, para perante ele vos apresentar santos e irrepreensíveis, e inculpáveis, se, na verdade, permanecerdes fundados e firmes na fé, e não vos moverdes da esperança do evangelho que tendes ouvido” (Colossenses 1:21-23).

A Bíblia adverte-nos, dizendo: “Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem” (Hebreus 12:15). Está claro, segundo as Escrituras: “Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe que não caia” (I Coríntios 10:12); alguns ramos que não produzem frutos na videira, são cortados, como disse Jesus: “Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira” (João 15:2).

As Escrituras nos ordenam também que “deixemos todo embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé” (Hebreus 12:1,2).

As Escrituras também nos afirmam: “Pois quê? O que Israel buscava não o alcançou; mas os eleitos o alcançaram, e os outros foram endurecidos” (Romanos 11:7); lemos ainda sobre a perseverança na fé: “A vós também, que noutro tempo éreis estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora contudo vos reconciliou no corpo da sua carne, pela morte, para perante ele vos apresentar santos e irrepreensíveis, e inculpáveis, se, na verdade, permanecerdes fundados e firmes na fé, e não vos moverdes da esperança do evangelho que tendes ouvido” (Colossenses 1:21-23). Armínio adverte-nos para não se declinar da sã doutrina: um não-eleito pode ter fé sincera nela, até que declina da fé; entretanto, as Escrituras nada dizem concernente à possibilidade de se declinar da salvação; não se perde aquilo que nunca se teve.

Precisamos ter cuidado, como nos advertem as Escrituras, para não perdermos a nossa fé, algo possível aos não-eleitos. Foi por isso que o apóstolo Paulo advertiu aos irmãos em Corinto: “Também vos notifico, irmãos, o evangelho que vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão” (I Coríntios 15:1,2); a menos que alguém um dia realmente tenha possuído “fé”, tal advertência não possui efeito real.

As advertências e condicionais das Escrituras sempre estão voltadas à nossa perseverança na fé até ao fim, e é por tal razão que um crente virá a perder a sua fé, enquanto que aquele que é eleito persevera na sua fé em Cristo Jesus, pois é perseverado: “e ninguém as arrebatará da minha mão” (João 10:28), disse Jesus.

Nota

[1] PICIRILLI, Robert E. Os Remonstrantes e o Sínodo de Dort, em Graça, Fé, Livre-Arbítrio, publicado no site Deus Amou o Mundo. Disponível em (https://deusamouomundo.com/remonstrantes/os-remonstrantes-e-o-sinodo-de-dort/). Acessado em 18 de agosto de 2018.

[2] ARMÍNIO, Jacó. As Obras de Armínio. Vol. I. Rio de Janeiro: CPAD, 2015. p. 232-233.

[3] A Teoria da Plataforma dos Eventos Possíveis é uma teoria que temos desenvolvido por meio de um diálogo relacionado a eventos atuais e potenciais, factuais e contrafactuais. Uma breve consideração desta teoria aplicada à questão que ora abordamos diz respeito ao fato de que o ser humano é totalmente livre para decidir se deseja A, B, C ou D, ao passo que Deus designa quais opções temos – e Deus sempre torna o bem possível e potencial, diferente do determinismo Calvinista, que finda por fazer Deus concedendo o bem salvífico aos eleitos que não merecem bem algum, mas retendo o mesmo bem salvífico aos não-eleitos que também não merecem bem algum, pertencentes à mesma massa da humanidade – que temos liberdade para escolher; julgando em seu devido tempo ao homem, dentro dos mundos possíveis escolhidos, Deus os recebe em seu reino ou os aparta de si para sempre. Acreditamos que esta seja uma maneira de fugirmos do extremo determinismo Calvinista ao passo em que podemos manter uma consistente segurança de salvação em Cristo Jesus em desconsiderar a possibilidade do que é chamado por assim dizer “perda de salvação”.

[4] ARMÍNIO, Jacó. As Obras de Armínio. Vol. III. p. 428.

[5] ARMÍNIO, Jacó. As Obras de Armínio. Vol. I. p. 232.

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