Um dos setores mais estratégicos da economia brasileira, o agronegócio, vem presenciando uma transformação em sua cadeia de produção e exportação. Com cada vez mais demandas por alimentos, eficiência, agilidade e sustentabilidade, empresas do segmento investem em ferramentas tecnológicas para atender as demandas do negócio. Segundo a McKinsey, a adoção tecnológica na agricultura brasileira cresceu mais de 10 pontos percentuais entre 2022 e 2023, posicionando o Brasil como o segundo país com maior crescimento entre os pesquisados.
No centro desse movimento, está a Inteligência Artificial. Soluções que até pouco tempo pareciam futuristas já fazem parte da rotina de muitas operações agrícolas. Essas ferramentas são capazes de identificar, com precisão, a presença de pragas nas plantações, muitas vezes em estágios iniciais, permitindo uma ação rápida e eficaz, assim como pode ser empregada na análise da qualidade dos alimentos, desde a colheita até o processamento, garantindo padrões elevados de segurança e conformidade com as exigências do mercado consumidor.
No campo, a IA também desempenha um papel essencial na proteção das pessoas, ao monitorar áreas de risco e alertar para situações perigosas, como a aproximação de maquinários pesados, e até condições ambientais adversas por meio do monitoramento contínuo de temperatura, umidade e outros indicadores, possibilitando a prevenção de incêndios.
Integradas a plataformas de dados meteorológicos, é possível cruzar informações climáticas com dados históricos de produção para a tomada de decisão mais precisa, assim como é possível saber o melhor momento para adubar, aplicar defensivos ou colher, o que significa aumentar a produtividade e, consequentemente, a rentabilidade da fazenda. Com a IA os produtores conseguem antecipar problemas, agir de forma preditiva e evitar perdas que, muitas vezes, só seriam percebidas tardiamente.
E a transformação não para nas porteiras. O comércio exterior, que sempre foi estratégico para o agro brasileiro, também entra nessa jornada de automação. Plataformas de gestão de comércio exterior hoje são capazes de automatizar processos burocráticos, como a DUIMP (Declaração Única de Importação) e a DU-E (Declaração Única de Exportação), totalmente integradas ao Portal Único Siscomex.
Essa automação é relevante no agro, atendendo demandas como importação de commodities e exportação de produtos de origem animal e vegetal, especialmente em um cenário global instável, com mudanças nas cadeias de fornecimento e medidas como o recente “tarifaço” norte-americano, que vem redesenhando os fluxos de comércio mundial. Quem tiver agilidade e eficiência para se adaptar a essas novas rotas e exigências estará melhor posicionado para ampliar suas exportações e garantir competitividade no mercado global.
Inovar os processos de monitoramento das lavouras, proteção ambiental ou automação do comércio exterior é um diferencial competitivo para posicionar o Brasil como um dos líderes globais diante de um cenário cada vez mais dinâmico e exigente, que requer um agro cada vez mais conectado e inteligente.
Marcelo Maekawa é consultor de desenvolvimento de negócios na SONDA do Brasil, líder regional em Transformação Digital.