Dólar recua e Ibovespa emenda 3ª perda com julgamento de Bolsonaro e Fed

Após três pregões de alta, em que acumulou valorização de 1,27%, o dólar recuou na sessão desta quarta-feira (3), mas ainda se manteve acima da linha de R$ 5,45 no fechamento. O real pegou carona na onda global de baixa da moeda americana, após dados mais fracos do mercado de trabalho nos EUA e declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

As taxas dos Treasuries, que na terça avançaram com o estresse no mercado de dívidas que atingiu principalmente Reino Unido e França, recuaram hoje, abrindo espaço para a recuperação da maioria das divisas emergentes. Temores de retaliação dos EUA em caso de condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado seguem no radar e podem ter impedido um movimento mais forte de apreciação do real. A defesa do ex-presidente disse hoje que o Supremo Tribunal Federal (STF) não pode fazer julgamento político e defendeu a inocência de Bolsonaro.

Com mínima de R$ 5,4345 pela manhã, o dólar à vista encerrou o pregão cotado a R$ 5,4529. No ano, recua 11,77%. À tarde, o Banco Central informou que o fluxo cambial foi negativo em US$ 230 milhões na semana passada. Com isso, o saldo em agosto ficou negativo em US$ 2,063 bilhões, resultado da saída líquida de US$ 3,823 bilhões pelo canal financeiro. No ano, o fluxo cambial total está negativo em US$ 16,904 bilhões.

No exterior, o Dollar Index – que mede o comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes – recuava cerca de 0,20% no fim da tarde, na casa dos 98,200 pontos, após mínima aos 98,014 pontos. As taxas dos Treasuries de dez e 30 anos caíram mais de 1%. O relatório Jolts mostrou abertura de 7,181 milhões de postos de trabalho nos EUA em julho, abaixo das projeções dos analistas, de 7,357 milhões. O resultado aumenta as expectativas para o relatório de emprego (payroll) de agosto, que sai na sexta-feira, 5.

Pela manhã, o diretor do Fed Christopher Waller defendeu corte de juros neste mês e disse ver espaço para múltiplas reduções nos próximos meses. Waller votou pela redução da taxa de 25 pontos-base em julho, quando as taxas foram mantidas. À tarde, presidentes regionais do BC americano, como Raphael Bostic (Atlanta) e Neel Kashkari (Minneapolis), adotaram tom mais cauteloso, alertando para o repique inflacionário das tarifas, mas não tiraram da mesa a ideia de afrouxamento monetário.

Ibovespa

Abaixo dos 140 mil pontos, o Ibovespa emendou hoje um terceiro dia negativo desde que renovou recordes na última sexta-feira, tanto no intradia como no fechamento. Entre a mínima e a máxima da sessão, o índice da B3 oscilou dos 139.581,88 aos 140.495,88 pontos, saindo de abertura aos 140.331,63 pontos. Ao fim, marcava perda de 0,34%, aos 139.863,63 pontos, com giro financeiro moderado a R$ 17,5 bilhões. Na semana e no mês, o Ibovespa recua 1,10% e, no ano, sobe 16,28%.

Entre as ações de primeira linha, de maior liquidez, destaque apenas para Vale (ON +0,38%), com Petrobras (ON -1,06%, PN -0,86%) firme no campo negativo, ainda que em ajuste inferior ao do Brent na sessão, em baixa de 2,23% no fechamento de Londres. Entre os grandes bancos, apenas Bradesco ON conseguiu evitar o ajuste negativo no encerramento da B3, em leve alta de 0,14%. Na ponta ganhadora do Ibovespa, destaque para Cosan (+8,00%), Raízen (+4,96%) e Pão de Açúcar (+2,93%). No lado oposto, Brava (-2,97%), IRB (-2,24%) e Ambev (-2,14%).

Lá fora, a leitura abaixo do esperado sobre o número de vagas de trabalho em aberto nos EUA em julho conforme o relatório Jolts – uma métrica sobre o giro de mão de obra acompanhada de perto pelo Federal Reserve – resultou em aumento da precificação de corte de juros pelo BC dos EUA em setembro, o que deu algum suporte aos mercados acionários de Nova York na sessão, com destaque para o Nasdaq, o índice de tecnologia, em alta de 1,02% no fechamento.

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