A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), marcada para novembro em Belém (PA), será uma oportunidade histórica para que o Brasil mostre ao mundo que o agronegócio nacional não é vilão ambiental, mas parte essencial da solução climática. A avaliação é de Gilberto Tomazoni, CEO global da JBS, que participou do painel “Alimentar o Mundo que Cresce” durante o NeoSummit COP30, realizado pelo NeoFeed em São Paulo.
Segundo o executivo, a narrativa internacional de que o agro brasileiro é um grande emissor de gases de efeito estufa precisa ser revista com base em dados concretos. “É preciso mudar essa história de que o agro brasileiro não é sustentável. A oportunidade que temos agora é mostrar exemplos reais do que o Brasil faz. Quando mostramos os casos, a gente muda essa percepção”, afirmou. Para Tomazoni, o setor, quando considerado de forma integrada — lavoura, pecuária e floresta —, é carbono positivo, retirando mais gases da atmosfera do que emitindo.
Um dos exemplos citados foi o do Grupo Roncador, que adota práticas de integração lavoura-pecuária e manejo regenerativo. Pelerson Penido Dalla Vecchia, presidente da empresa, destacou que sustentabilidade e resultado econômico caminham juntos. “As práticas sustentáveis geram um ecossistema equilibrado e melhores resultados. Em 2025, reduzimos em 81% o uso de defensivos, cortamos 10% dos custos e aumentamos em 10% a produtividade. Sustentabilidade hoje é o único caminho”, destacou.
O executivo da JBS também ressaltou a importância de apoiar pequenos e médios produtores para que possam adotar tecnologias semelhantes. Projetos como o Fundo JBS pela Amazônia e os “escritórios verdes” já alcançaram milhares de propriedades, garantindo regularização, assistência técnica e acesso a práticas mais sustentáveis. “O principal desafio não é com as grandes empresas e sim com médios e pequenos produtores. Já apoiamos 19 mil propriedades e hoje 31% delas já são carbono positivo”, disse Tomazoni.