A paralisação do governo federal dos Estados Unidos completou um mês e já é considerada uma das mais longas da história recente do país. O impasse político em Washington começa a se refletir de maneira preocupante sobre a economia americana, que dá sinais de fragilidade. Segundo o Escritório de Orçamento do Congresso, a produção econômica foi reduzida permanentemente em pelo menos US$ 7 bilhões desde o início da crise.
Economistas alertam que, quanto mais o bloqueio se prolonga, maior é o risco de colapso em diversos setores. “A economia é frágil e algo como uma paralisação do governo pode se tornar um problema muito maior do que as pessoas imaginam”, afirmou Mark Zandi, economista-chefe da Moody’s Analytics. A economista Diane Swonk, da KPMG, comparou a situação a “uma bola de neve rolando ladeira abaixo, ganhando impulso e massa”.
Os impactos já são visíveis no mercado de trabalho. O ambiente de incerteza política tem levado empresas a adiar contratações e investimentos, enquanto a confiança do consumidor atingiu seu nível mais baixo desde abril. Estima-se que 65,5 mil pequenos empresários tenham bilhões de dólares em pagamentos suspensos, o que ameaça milhares de empregos e pode desacelerar ainda mais o crescimento até 2026.
Outros setores críticos também sofrem. O impasse no Congresso impede a prorrogação de subsídios de saúde do Affordable Care Act, e mais de 65 mil crianças e famílias podem perder acesso a programas de educação infantil e assistência. Com creches fechando e famílias sobrecarregadas, cresce o temor de que a paralisação provoque efeitos duradouros na participação da força de trabalho — especialmente entre as mulheres.
Os especialistas afirmam que o prolongamento da crise poderá comprometer a confiança de investidores e consumidores, enfraquecendo o principal motor da economia americana: o consumo das famílias. “Em algum momento, as coisas começam a dar errado porque simplesmente não estão sendo feitas”, disse Zandi. Se a paralisação continuar após o Dia de Ação de Graças, “não haverá volta rápida”, alertou.
Enquanto o Federal Reserve observa atentamente o cenário, há quem acredite que o banco central possa ser forçado a reduzir as taxas de juros novamente para conter os danos. Mas, para milhões de americanos, o impacto humano já é real — com atrasos em pagamentos, perda de benefícios e insegurança alimentar crescente. “Este é um problema criado pelo homem”, resume Swonk. “E está agravando a situação de uma economia que já apresentava sinais de fragilidade.”
								
								
															



								
