A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) deu dois passos decisivos que fortalecem a presença da Starlink, empresa de internet via satélite de Elon Musk, no Brasil. O primeiro é a homologação da antena Starlink Mini, que viabiliza a venda de um novo produto no país. O segundo, ainda mais ambicioso, é a autorização para que a companhia opere mais 7.500 satélites, ampliando significativamente sua capacidade de cobertura no território nacional.
Antena Mini chega ao Brasil com internet móvel e compacta. A Starlink Mini, recém-homologada pela Anatel, marca a estreia de um produto portátil da empresa no Brasil. Compacta como um notebook (30 cm x 25 cm x 3,8 cm) e pesando pouco mais de 900 gramas, a antena é voltada para usuários em movimento e será comercializada junto ao plano Viagem (Roam), que promete internet em qualquer lugar, inclusive em trânsito.
O plano custa R$ 576 por mês, sem limite de dados. Para comparação, o plano residencial da Starlink no Brasil sai por R$ 236 mensais, também com dados ilimitados.
Além do tamanho reduzido, a antena traz suporte a Wi-Fi 5/ac e tecnologia 3×3 MIMO, que garante melhor desempenho na transmissão de dados. Fabricada nos Estados Unidos, nas unidades da Starlink na Califórnia e Texas, ela foi projetada para uso externo, suportando temperaturas de -30 °C a 50 °C e umidade relativa de até 90%.
Operação com 7.500 novos satélites é aprovada
Em decisão unânime no dia 8 de abril, a Anatel autorizou a expansão da constelação de satélites da Starlink, que poderá operar até 7.500 novos satélites no Brasil – além dos 4.408 já autorizados anteriormente. O prazo da autorização foi mantido até 2027.
Com isso, a empresa fortalece sua estrutura para oferecer internet de alta velocidade em áreas remotas, onde há pouca ou nenhuma cobertura tradicional.
Alerta regulatório e preocupações da Anatel
Apesar da aprovação, a agência reguladora emitiu um alerta regulatório, sinalizando preocupação com a rapidez do avanço tecnológico e a falta de normas específicas para esse tipo de operação. O conselheiro Alexandre Freire, relator do processo, destacou a necessidade de rever a regulamentação vigente para lidar com temas como:
- Concorrência justa no mercado de telecomunicações;
- Sustentabilidade espacial, diante do risco de saturação orbital;
- Soberania digital, com foco na proteção de dados e interesses nacionais.
Freire defende que é urgente atualizar as regras para garantir segurança jurídica, previsibilidade e inovação com responsabilidade. Segundo ele, o caso da Starlink revelou limitações nas normas atuais para enfrentar os desafios impostos pelas novas tecnologias.
O futuro da conectividade no Brasil com a Starlink
A ampliação da atuação da Starlink no Brasil representa um marco no setor de telecomunicações. Com o avanço da cobertura via satélite e a chegada de soluções portáteis, como a antena Mini, o acesso à internet em áreas remotas se torna mais viável, especialmente para atividades como agropecuária, turismo e logística.
Por outro lado, o crescimento dessa infraestrutura orbital impõe novos desafios regulatórios e geopolíticos. A Anatel, ao mesmo tempo que autoriza e acompanha, se posiciona como agente fundamental na mediação entre inovação e responsabilidade.
Com esses movimentos, Elon Musk consolida a presença da Starlink no Brasil, reforçando a promessa de uma internet global, acessível e descentralizada – ao custo de exigir mudanças rápidas na forma como o espaço e a conectividade são regulados.