Faz mais de 30 (trinta) anos que li a autobiografia de Joaquim Nabuco, intitulada de “Minha Formação”. Esse clássico da literatura brasileira foi publicado em 1900, em que o autor relata sua trajetória desde sua infância em Pernambuco. Além do relato sobre sua infância, fala da sua experiência na Europa e nos Estados Unidos, até sua atuação no movimento abolicionista.
Fazendo uma retrospectiva do que li sobre a monarquia brasileira, chego à conclusão de que foi o livro que mais me influenciou na formação da minha convicção monarquista. Lendo “Minha Formação”, do meu conterrâneo Joaquim Nabuco, me convenci de que a monarquia parlamentar é superior à República, por vários motivos.
Nabuco no livro acima citado diz que a obra de Walter Bagehot (The English Constitution), lhe influenciou para formação de sua convicção de defensor da monarquia parlamentar. Com o autor passou a admirar a estabilidade e eficiência do sistema parlamentar britânico, vendo-o como um exemplo de como uma monarquia poderia ser um governo eficaz.
A meu ver, essa proposta de uma monarquia parlamentar, que tanto impressionou Nabuco, mesmo no panorama vigente, ainda é plenamente aplicável. E exemplificamos com o Reino Unido, Espanha, Suécia, Dinamarca, Japão, Noruega e Bélgica.
Vejamos o que podemos destacar de importante – e nos servir de modelo – nas monarquias parlamentares: a) a monarquia fornece uma figura de continuidade e estabilidade, independente das mudanças políticas; b) o monarca geralmente permanece neutro em questões políticas, o que ajuda a manter a estabilidade e a confiança na instituição; c) o monarca pode desempenhar um papel unificador, representando a nação e promovendo a unidade nacional.
Em síntese, a monarquia tem melhores mecanismos para superação de crises políticas que a República não tem. As crises na República são resolvidas com o impeachment, sempre de forma traumática. Na Monarquia Parlamentar se resolve crises com facilidade e sem trauma político.
Não me recordo as circunstâncias em que fui convidado para participar de um debate com os ex-deputados constituintes Narciso Mendes e Osmir Lima, sobre as vantagens da monarquia parlamentar em relação à República. A verdade é que fiz esse debate sobre esse tema com esses amigos na TV Rio Branco. Deve fazer mais de 15 anos. Revisitei o livro de Nabuco, marcando as ideias, e fiz a defesa da monarquia parlamentar. Tenho defendido a Monarquia sempre que posso.
Minha filha Laura, de 13 (treze) anos, acho que já recebeu minha influência. É admiradora da Monarquia inglesa. Assistiu a crônica da vida da rainha Elizabeth II, da década de 1940 aos tempos modernos (The Crown).
Depois que comecei a me interessar pela biografia do meu ancestral Coronel Francisco Miguel de Siqueira, líder conservador da Ingazeira, tive o prazer de interagir com meu conterrâneo Hesdras Souto. Hesdras é Historiador e Presidente do CPDoc. Vem fazendo importante trabalho no resgate da memória do “Sertão do Pajeú”.
Numa das vezes que estive na Região do Pajeú, Hesdras Souto me deu a informação de que estava trabalhando no sentido de reeditar a biografia de D. Pedro II, escrita em 1871, pelo pajeuense e então deputado e capelão da Capela Imperial, Monsenhor Pinto de Campos, parente e amigo do meu tetra avô Francisco Miguel de Siqueira. Meu ancestral era liderado por esse político e religioso, ambos militantes do partido conservador.
Eu tive oportunidade de ler a biografia de D. Pedro II escrita por Monsenhor Pinto de Campos. Dei a informação do projeto cultural à Casa Real. Fiz com que o príncipe Dom Bertrand tomasse conhecimento de que aqui no Sertão do Pajeú se cogitava de uma reedição da obra de Monsenhor Pinto de Campos. Articulei o Historiador Hesdras Souto com a Casa Real.
Pois bem. Recebi com grande alegria a informação de que o projeto cultural foi concluído, e a obra foi editada pelo Instituto Histórico e Geográfico do Pajeú, e que já chegou às mãos de Dom Bertrant de Orleans e Bragança que fez elogio ao trabalho realizado pelo Historiador Hesdras Souto. O prefácio é da lavra do também Historiador Saulo de Tarcio Duarte.
Recentemente Hesdras Souto entrou em contato comigo e me convidou para o lançamento do livro. Fiquei entusiasmado. Será uma grande oportunidade para que discutamos a proposta de criação na Região do Pajeú do “Círculo Monárquico do Brasil”. O Círculo Monárquico foi fundado em 7 de setembro de 2013, com o objetivo de tornar o movimento monárquico numa organização com o escopo de restauração da Monarquia Parlamentar e Constitucional do Brasil.
A ideia do “Círculo Monárquico do Brasil” é muito válida. Nós, brasileiros, pouco sabemos sobre a importância da Monarquia Brasileia. Afinal, por quase um século fomos proibidos de falar sobre a restauração da Monarquia Brasileira. Todas as Constituições depois da República proibiam que se falasse em tal restauração. Foi a Constituição de 1988 que nos permitiu rediscutir a importante instituição.
Dou um exemplo frisante de como ignoramos o papel da Monarquia Brasileira. Quando tive acesso à biografia de D. Pedro II, escrita pelo Monsenhor Pinto de Campos, falei com um político acreano (cujo nome não revelo), para fazermos a reedição por uma das Casas Legislativas do Parlamento brasileiro. Notei que o político demonstrou estarrecimento quando eu lhe informei que era monarquista parlamentar. Como se dissesse: “que coisa atrasada”. Nunca me deu resposta sobre a minha solicitação.
Portanto, ao receber o convite de Hesdras Souto para o lançamento da biografia de D. Pedro II, escrita por Monsenhor Pinto de Campos, imediatamente me lembrei que há uma cartilha “Pró Monarquia”. Nosso povo quase nada sabe sobre a importância da Monarquia Parlamentar, e o quanto significou os papéis dos príncipes Dom Pedro I, Dom Pedro II e da Princesa Izabel para o grande país que é o Brasil.
Só temos recebido informações distorcidas sobre a Monarquia Brasileira. Recentemente vi uma entrevista do ex-deputado federal Aldo Rebelo se queixando dessa injustiça que se comete contra Dom Pedro I. Só se fala dos seus defeitos; e nunca de suas virtudes. Temos que começar por uma cartilha.
Na cartilha há uma informação que tem sido a tônica de como tem se comportado a classe política na nossa República. Mal proclamada a República, um dos primeiros atos do governo foi duplicar o salário do Presidente em relação ao que recebia o Imperador.
Parabenizo o Historiador Hesdras Souto pela organização da reedição da biografia de Dom Pedro II, escrita pelo conterrâneo Monsenhor Pinto de Campos, bem como aproveito o ensejo para propor a criação de um “Um Círculo Monárquico do Brasil” no Estado do Acre e no Vale do Pajeú, deixando também a sugestão para que conheçamos melhor o que foi a Monarquia Parlamentar Brasileira, no link que segue abaixo (cartilha citada).
