(Famílias portuguesas em Pernambuco)
Acredito que foi o historiador Valdir Nogueira quem me enviou, via aplicativo do whatsapp, a informação contida no livro de Tombo da cidade da Ingazeira, em que o padre francês Carlos Cottart atestava que o líder conservador da Ingazeira, Tenente Coronel Francisco Miguel de Siqueira era descendente do Mestre de Campo Pantaleão de Siqueira Barbosa.
Em um perfil parlamentar do saudoso deputado estadual Walfredo Siqueira, escrito por um jornalista de São José do Egito, creio que irmão do jornalista Inaldo Sampaio, obtive a informação de que o líder sertanejo descendia também do Mestre de Campo Pantaleão de Siqueira Barbosa.
Informações mais completas sobre o Mestre de Campo Pantaleão de Siqueira Barbosa pude sacar num livro histórico da cidade de Pesqueira. Na obra, soube como Pantaleão Siqueira Barbosa contribuiu para expansão da criação de gado no Moxotó, e que aí deixou plantada uma enorme descendência. Os Siqueira do Moxotó e do Pajéu, bem como da Ribeira do Ipanema, são seus descendentes.
Porém, ainda fiquei por saber qual o grau de parentesco de Francisco Miguel de Siqueira – meu tetravô – com o mestre de campo Pantaleão Siqueira Barbosa. A esperança de encontrar maiores informações sobre o personagem histórico, Abraão da família Siqueira, consistia em pesquisar o livro do Dr. Ulysses Lins de Albuquerque, intitulado “Três Ribeiras”.
Tentei comprar o livro no Shopping Recife, mas não obtive sucesso. A última edição da obra era de 2012. Em loja de sebo virtual não obteria o livro de imediato como pretendia. Recorri ao colega de faculdade, Renato Lins de Albuquerque, bisneto de Dr. Ulysses Lins de Albuquerque, hoje residindo em Natal, no Rio Grande do Norte.
Meu amigo Renato Lins de Albuquerque me atendeu com muita presteza. Imediatamente articulou-se com uma secretária de sua genitora, que me atendeu com muita boa vontade, no sentido de fazer chegar o livro às minhas mãos. Um dia após fazer contato com meu amigo, a obra já estava à minha disposição. Minha gratidão ao amigo Renato e a Walquíria, secretária da família.
Li o livro em 24 horas. Vou transcrever o que encontrei relativamente ao mestre de campo Pantaleão Siqueira Barbosa, para ir me sentindo mais próximo dele, nessa busca da identidade familiar. Eis abaixo o que encontrei no livro “Três Ribeiras”, de autoria de Ulysses Lins de Albuquerque, sobre o personagem.
Quando discorria sobre o capitão Francisco Amaral (página 48), fez referência ao mestre de campo Pantaleão Siqueira Barbosa, que era seu tetravô. Disse: “E ele possuía autoridade, pois era filho de um português – Caetano do Amaral – que em idos tempos viera para aquela zona (ribeira do Moxotó), pouco depois do mestre de campo Pantaleão Siqueira Barbosa (meu tetravô materno), fundador do povoado Jeritacó”.
No texto abaixo transcrito, Ulysses Lins de Albuquerque aponta Pantaleão de Siqueira Barbosa como desbravador da Ribeira do Moxotó. É o que contém a página 53 do livro do ilustre memorialista: “A fazenda Piutá, no município de Sertânia, fica à margem do riacho com esse nome, afluente do rio Moxotó. Foi fundada por um dos filhos do português Pantaleão de Siqueira Barbosa, mestre de campo, desbravador da região centro da ribeira do Moxotó, fundando a povoação de Jeritacó, à margem daquele rio, há mais de dois séculos, ao sul daquela fazenda”.
Sobre a fundação da fazenda Jeritacó, distrito hoje submerso pelas águas de um açude, por Pantaleão Siqueira Barbosa, à página 61, diz Ulysses Lins de Albuquerque: “…mestre de campo Pantaleão de Siqueira Barbosa, que, há dois séculos, subia o rio Moxotó, desde a sua foz, no São Francisco, e, preando índios e matando onças, fundou a fazenda Jeritacó, à margem daquele rio temporário do sertão; e, constituindo família, ali se fixava, ganhando o apelido de “Pica-enxu”, por haver espatifado, a facão, um enxu verdadeiro, cujas abelhas o picaram impiedosamente, quando ele, tocando-o, provocou o assanhamento do enxame de vespas”.
Pantaleão Siqueira Barbosa deixou enorme descendência em Pesqueira (Vale do Ipojuca), como também, conforme registrado anteriormente, na ribeira do Moxotó: “SIQUEIRA BARBUO – Era assim chamado – não sei por que – o fabuloso bisneto do português Pantaleão de Siqueira Barbosa, desbravador da região-centro da ribeira do Moxotó: Joaquim Salvador de Siqueira Cavalcanti, filho de Salvador dos Santos Monteiro Cavalcanti, que se casou em Pesqueira com Ana de Siqueira Cavalcanti – filha de Joaquim Inácio de Siqueira Barbosa (filho daquele português)”.
A família Siqueira descendente da Pantaleão, espalhou-se por todo o Brasil. Não podemos esquecer do tenentista Siqueira Campos, cuja família é de origem da cidade de Flores. Dr. Ulysses, no Rio de Janeiro relata encontro com Artur de Siqueira Cavalcanti, descendente do português: “…aqui no Rio o doutor Artur de Siqueira Cavalcanti, descendente, também, do mestre de campo Pantaleão de Siqueira”. Artur narra um fato de uma eleição em Pernambuco, ainda no Império.
Na cidade de Custódia, o Dr. Ulysses registra a presença de descendentes de Pantaleão Siqueira Barbosa: “José Joaquim de Siqueira, filho de Manuel Alves de Oliveira Melo, casado com uma filha do português Pantaleão de Siqueira Barbosa – Maria do Ó de Siqueira – , morava na pequena povoação de Custódia, atualmente sede de município, a qual fora fundada por seu pai em 1810”.
Finalmente, do livro do Dr. Ulysses Lins de Albuquerque, acima mencionado, às fls. 82/83, destaco passagem em que se reporta ao meu tetravô materno, Tenente-Coronel Francisco Miguel de Siqueira, dando informações da sua participação na luta contra os liberais e como se deu sua morte: “O tenente-coronel Francisco Miguel de Siqueira, antigo chefe conservador em Ingazeira (primitiva sede do município de Afogados da Ingazeira), tomou parte na luta, em Flores, contra os liberais, em 1848 e 49, levando, no seu valioso contingente de homens em armas, ao lado de seus parentes, coronel Pedro Siqueira, Antônio Lopes de Siqueira e Coronel Manuel Pereira, de Serra Talhada”.
Em conclusão, nas importantes informações contidas no livro “Três Ribeiras”, não logrei êxito em saber, em linha direta, qual o parentesco de meu tetravô (Francisco Miguel de Siqueira), com o mestre de campo Pantaleão Siqueira Barbosa. Mas, seguramente, podemos concluir que era neto ou bisneto do mestre campo. No máximo, trineto. Explico. Dr. Ulysses Lins de Albuquerque era tetraneto. Em 1971, quando do lançamento do livro, estava com 80 anos, aproximadamente. Ora, Francisco Miguel de Siqueira morreu em 1878, já com mais de 70 anos. Logo, em linha reta, creio que era neto ou bisneto do mestre de campo Pantaleão Siqueira Barbosa.
Informação segura sobre o grau de parentesco do meu tetravô com o mestre de campo Pantaleão de Siqueira Barbosa, é trabalho para novas pesquisas genealógicas!