Tribunal escocês reconheceu assédio por parte do serviço de saúde, mas rejeitou acusações contra a médica trans envolvida no caso.
A enfermeira escocesa Sandie Peggie obteve uma vitória parcial na Justiça após processar o NHS Fife por ter sido afastada do trabalho ao se recusar a dividir um vestiário com a médica trans Beth Upton. A decisão, divulgada nesta segunda-feira (8/12), concluiu que o órgão de saúde cometeu assédio ao suspender a profissional durante a investigação interna sobre o episódio.
O tribunal também considerou genuína a preocupação da enfermeira ao afirmar que acreditava estar diante de “um homem biológico” em um espaço exclusivo para mulheres. No entanto, a Corte rejeitou completamente as acusações feitas por Peggie contra Beth Upton, que incluíam assédio moral e sexual. Para os magistrados, pessoas trans não representam risco maior ao compartilhar vestiários com pessoas cisgênero.
O caso, ocorrido na véspera do Natal de 2023, começou quando Peggie viu Upton se trocando no vestiário feminino do hospital Victoria, em Kirkcaldy. A enfermeira passou a ofendê-la e a comparou à criminosa Isla Bryson, episódio que levou a médica a registrar denúncia. Peggie acabou suspensa em janeiro de 2024, medida que o tribunal considerou precipitada e mal administrada pelo NHS, cuja investigação se estendeu por 18 meses.
Apesar da absolvição na esfera trabalhista, a decisão não responsabiliza a médica trans, reforçando que o NHS Fife possui diretrizes que autorizam profissionais a usarem o vestiário correspondente à sua identidade de gênero. O órgão, no entanto, foi criticado por não ter tomado medidas provisórias mais equilibradas e por conduzir a apuração de forma lenta.
O Tribunal do Trabalho ainda vai definir o valor da indenização que será paga à enfermeira. O caso gerou grande repercussão no Reino Unido, dividindo opiniões entre grupos que defendem direitos trans e movimentos que pedem espaços exclusivos para mulheres cis. Com informações do portal Metrópoles.


