O Plano Safra 2025/2026, apresentado pelo governo federal nesta terça-feira, 1, recebeu críticas de algumas das principais entidades do setor. A Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) e a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso comparam o volume de recursos com o da temporada passada e disseram que os valores apresentados são inferiores se considerar a inflação.
“Saímos de R$ 508 bilhões para R$ 516,2 bilhões, aumento de 1,5%, mas se considerarmos uma inflação de 5,32% no período, são valores abaixo da inflação, ou seja, não atendem em volume aquilo que o setor pleiteou”, disse Bruno Lucchi, diretor técnico da CNA.
A Aprosoja-MT ainda relembrou que dentro do volume de recursos anunciado tem contabilizado R$ 185 bilhões em CPR (Cédulas do Produtor Rural) lastreada em letras de crédito, que não são recursos controlados. “Então, nominalmente, o Plano Safra perde 17% em seu tamanho em relação ao ano passado”, ressaltou o presidente da Aprosoja-MT, Lucas Beber.
Sobre a taxa de juros, a CNA demonstrou preocupação com a alta no Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural), em que a taxa saiu de 8 para 10%. “Tem um distanciamento muito grande das taxas do médio produtor para a agricultura familiar ao passo que a gente não tem um aumento no enquadramento. A proposta da CNA foi aumentar essa renda bruta da agricultura familiar de R$ 500 mil para R$ 700 mil e não foi atendida”, informou Lucchi.
A Aprosoja-MT também cobrou em seu pronunciamento o baixo volume de recursos para armazenagem, considerado o grande gargalo do estado. A entidade informa que pediu R$ 9 bilhões para pequenos e médios produtores com juros subsidiados, mas o governo disponibilizou R$ 3,7 bilhões com juros mais altos.
Seguro Rural
A ausência de informações sobre o seguro rural também causou estranheza nas entidades do setor. A CNA classificou o assunto como “descaso”. A entidade informa que o setor tinha R$ 1,16 bilhão no início desse ano, que passou por corte e, recentemente, o congelamento dos recursos de R$ 435 milhões.
“Nós corremos o risco de ter uma área assegurada em torno de 4 milhões de hectares esse ano, quando tivemos em 2021 o máximo uma área segurada de 13,7 milhões. É uma queda muito grande, que expõe mais os produtores e coloca eles em risco em função das mudanças do clima”, apontou Bruno Lucchi.
A Sociedade Rural Brasileira também falou ao Agro Estado sobre a estranheza da ausência do seguro rural no anúncio. “O seguro agrícola nem foi tocado, o nome ficou totalmente fora. Isso é muito estranho e negativo para nós”, disse o presidente da entidade, Sérgio Bortolozzo .