Falar em desenvolvimento no Acre virou quase uma repetição automática. Sempre ouvimos sobre o agronegócio em expansão, o potencial do turismo, a importância das estradas e, mais recentemente, até da industrialização. Tudo isso é válido, claro — mas há um ponto central que, por muito tempo, foi deixado de lado nas discussões: os municípios isolados.
Porto Walter, Marechal Thaumaturgo, Santa Rosa do Purus… são localidades que, apesar de fazerem parte do nosso mapa, muitas vezes ficam esquecidas nos planos e nos discursos. Não há como pensar em um Acre próspero e verdadeiramente integrado sem encarar de frente o desafio de garantir a essas populações acesso digno à infraestrutura, aos serviços e às oportunidades que estão disponíveis em outras regiões do estado.
Por isso, é importante reconhecer quando uma liderança decide tocar nessa ferida com seriedade. A governadora em exercício Mailza Assis — também titular da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos — fez isso ao conceder entrevista à Rádio e TV Juruá, em Cruzeiro do Sul. Ao destacar a urgência da integração desses municípios, Mailza deu um recado claro: não dá mais para adiar esse debate.
Ela lembrou que o próprio Ministério Público já apontou caminhos para viabilizar a conexão entre Porto Walter e Cruzeiro do Sul, por exemplo — um primeiro passo prático e possível. E ressaltou algo fundamental: o Estado precisa estar presente, não apenas com palavras, mas com ações concretas. E isso inclui logística, investimentos e, acima de tudo, vontade política.
Mailza também citou o trabalho realizado por meio do programa Juntos pelo Acre, que levou ações a municípios como Santa Rosa do Purus e Jordão, com a participação de várias secretarias. É um esforço que mostra como, mesmo diante das dificuldades, é possível agir e construir soluções em conjunto com as comunidades.
A governadora ainda apontou o impacto direto que o isolamento causa no dia a dia dessas populações — seja na cheia, quando faltam alimentos, seja na seca, quando os preços explodem por conta da dificuldade de transporte. Essa realidade precisa ser enfrentada com planejamento, escuta e compromisso.
É louvável que Mailza Assis tenha trazido esse tema à tona com equilíbrio, firmeza e sensibilidade. Que esse gesto inspire outras lideranças a olhar para o Acre como um todo — incluindo aqueles que, até hoje, têm sido obrigados a viver às margens das decisões.
O futuro do nosso estado passa, necessariamente, por quem está mais distante dele. E dar voz a essas regiões é um sinal de maturidade política que merece ser reconhecido.