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Entre ideologia e interesses: os rumos da direita no Acre

Até onde vão suas convicções? Até onde certos acordos podem arruinar um projeto político ou um mandato? Pergunto isso a mim mesmo e a você, leitor, diante de dois acontecimentos recentes que ilustram perfeitamente o caminho errado que alguns insistem em trilhar na política acreana.

A direita no Acre, sejamos francos, sempre foi um arremedo. Mesmo com institutos, cursos e projetos de formação para lideranças realmente alinhadas à direita, os erros continuam se repetindo – e sempre pelos mesmos motivos: covardia e falta de princípios. Querem brincar de ser oposição, mas morrem de medo de perder as benesses que vêm com o poder.

Nesta quinta-feira (30), surgiu a notícia de que o deputado federal Eduardo Velloso (União Brasil) teria sinalizado apoio ao pedido de impeachment do presidente Lula. Bastou isso para que surgissem rumores de que sua irmã, Luciana Velloso, poderia perder um cargo na Embratur, onde recebe “modestos” R$ 18 mil por mês. E aí, o que aconteceu? O velho jogo da negação.

“Eduardo não assinou nenhum documento sobre esse assunto”, garantiu um assessor. Ora, vejam só: o parlamentar não assinou nada, apenas “sinalizou” que talvez, quem sabe, pudesse pensar no assunto. Mas mesmo essa tímida hesitação já pode custar um cargo à sua irmã. E então? Seguirá com suas convicções ou recuar?

Em contrapartida, temos o caso do vereador Zé Lopes, um direitista autêntico, com raízes no agronegócio, que declarou sem rodeios: não será base de Bocalom na Câmara. E mais – disse algo que, para muitos políticos, soa como loucura: “Entrei na política para contribuir, não para pedir cargos.”

Zé já decidiu: não vai entrar no jogo sujo da troca de favores. Para ele, qualquer projeto relevante do Executivo deve ser aprovado por mérito, e não por barganha. E vejam bem: estamos falando de um prefeito conservador, que segue a mesma linha de pensamento de Zé. 

Eis a grande questão: a direita brasileira, especialmente a acreana, precisa decidir de que lado está. Ou se mantém fiel aos princípios que diz defender, ou se torna apenas um disfarce malfeito da velha política fisiológica que sempre dominou esse país. O que se vê, no entanto, é uma fraqueza ideológica crônica, uma disposição absurda de vender a alma por um carguinho de terceiro escalão.

No final das contas, o problema não é Lula, nem a Embratur, nem um pedido de impeachment. O problema é a falta de coragem. E sem coragem, meus caros, não há política séria. Apenas teatro.

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