O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do estado de São Paulo (Faesp) reforçou as críticas em torno da intenção do governo federal de reduzir as tarifas de importação de produtos alimentícios. A medida é uma das estudadas para combater a alta no preço dos alimentos. Para Tirso Meirelles, trata-se de um “erro de avaliação do Governo”. Para ele, incentivar a importação pode prejudicar os produtores brasileiros e desestimular a produção e os investimentos no setor, gerando um problema ainda maior.
“Cabe lembrar o caso recente do arroz, pois os dados de 2024 corroboram a avaliação do setor privado de que não era preciso superestimular as importações, como queria o Governo Federal. O que é preciso é uma política agrícola de longo prazo, é estimular a produção, algo que defendemos há muito tempo”, afirmou em nota Meirelles.
A Faesp avalia que a iniciativa traz a avaliação implícita do governo de que há um desequilíbrio entre oferta e demanda ou fixação abusiva de preço pelas empresas do setor. Como alternativa, o presidente da entidade aponta o fortalecimento dos estoques reguladores geridos pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), adquirindo produtos durante períodos de excesso de produção e criando reservas estratégicas para utilizar em momentos de escassez de oferta. “Esse é um mecanismo que, se bem aplicado, pode trazer mais equilíbrio ao mercado”, explicou.
Além disso, Meirelles defende a necessidade de melhorar a logística, reduzir as perdas e de adotar medidas que incentivem canais de comercialização mais curtos entre os produtores e os consumidores. Para Meirelles, além de uma política agrícola mais estruturada, é fundamental criar condições para que os produtores nacionais sejam incentivados e fortalecidos. “Ao invés de fomentar a importação e a produção em outro país ou continente, precisamos cuidar dos nossos produtores, garantindo uma oferta adequada e permanente de recursos para o crédito e o seguro rural”.
Outras entidades ligadas ao agronegócio já demonstraram insatisfação e criticaram a intenção do governo federal. Para a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), a possível redução de alíquotas de importação de alimentos é “perturbadora” e “desnecessária”.
Já a Sociedade Rural Brasileira (SRB) indica riscos de desabastecimento no mercado interno, no caso do milho. “Embora você aparentemente esteja resolvendo um problema, você está criando um grande outro no futuro, que é o desabastecimento interno”, afirmou o presidente da SRB, Sérgio Bortolozzo.