Escândalo no INSS dá trégua, mas segue assombrando o governo

As buscas na internet sobre fraudes no INSS deram uma trégua nas primeiras semanas de junho, mas o estrago na popularidade do governo Lula já estava feito. O pico de interesse foi entre 4 e 10 de maio, logo após a Polícia Federal deflagrar a Operação Sem Desconto, que apura desvios de até R$ 6,5 bilhões de aposentados. Por semanas, o tema dominou mais que qualquer notícia positiva do governo, incluindo a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.

Diante do desgaste, Lula admitiu no podcast Mano a Mano que o governo falhou na comunicação. Disse que, apesar de ter sido a própria gestão quem descobriu o esquema, a percepção pública associa automaticamente qualquer escândalo ao seu governo. Para conter os danos, o Planalto prometeu ressarcir ainda este ano os aposentados vítimas das fraudes, com pagamento via crédito extraordinário — recurso fora do teto fiscal.

O problema, no entanto, está longe de ser página virada. A CPI mista que vai investigar o escândalo deve manter o assunto em evidência. Governistas tentam garantir que a comissão seja presidida por aliados, mas a oposição deve usar o espaço para desgastar ainda mais o governo, que já amarga 56% de reprovação, segundo pesquisa PoderData.

As fraudes vieram à tona após auditoria da CGU, que revelou que 97,6% dos aposentados tiveram descontos não autorizados em seus benefícios. Organizações suspeitas iam de sindicatos a clubes de benefícios e associações fantasmas. Só entre 2022 e 2024, os descontos saltaram de R$ 706 milhões para impressionantes R$ 2,8 bilhões.

O governo aposta que, se conseguir devolver o dinheiro rapidamente, pode minimizar o desgaste. Mas a instalação da CPI, somada à possibilidade de novas denúncias, mantém o risco de desgaste político em alta — e pode fazer desse escândalo um fantasma que assombra o Planalto até as eleições de 2026.

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