Estadão critica governo Lula por reação ‘tímida’ diante do crescente autoritarismo de Maduro

Em editorial publicado nesta quarta-feira, 27, o jornal Estadão criticou o governo brasileiro pela reação considerada “tardia e tímida” diante do autoritarismo crescente do ditador Nicolás Maduro.

No entanto, o texto afirma não ser surpreendente que só agora a chancelaria do petista Luiz Inácio Lula da Silva tenha manifestado alguma “preocupação” com a “destruição da democracia venezuelana”.

Assim como não surpreende que o regime ditatorial de Maduro tenha impedido o registro da candidatura da professora e filósofa Corina Yoris, principal chapa de oposição de Maduro no pleito presidencial, marcado o dia 28 de julho, data do aniversário de Hugo Chávez.

O texto lista outros episódios em que o regime chavista impediu a oposição de disputar as eleições no país, dominado pelo comunismo, com prisões ou impedimento de registro.

Como no caso recente da ex-deputada María Corina Machado, líder em intenção de voto nas pesquisas independentes, que foi considerada inelegível pela Justiça Eleitoral, inteiramente controlada pelo governo comunista.

No início de 2024, Maria Corina e o ex-governador Henrique Capriles foram inabilitados para ocupar cargos públicos por 15 anos.

Oposição não consegue registrar candidatura

Conforme o editorial, “em vez de denunciar a evidente arbitrariedade da ditadura venezuelana, Lula da Silva achou que era o caso de criticar María Corina, recomendando que ela parasse de ‘chorar’ e escolhesse outro candidato para disputar em seu lugar”.

E foi o que ela fez. Impedida de disputar o pleito, María Corina apoiou Corina Yoris, que não conseguiu registrar a candidatura, porque “simplesmente não teve acesso ao sistema de inscrição”.

O prazo encerrou-se nesta terça-feira, 26, tendo computado o registro apenas das chapas de “opositores” aprovados pelo regime que está há 11 anos no poder.

A escolha das palavras

A publicação ressalta ainda que, mesmo tomando “coragem” de reconhecer em nota emitida nesta terça-feira, 26, que “o regime do companheiro Nicolás Maduro” descumpre as promessas de fazer uma eleição limpa, o Itamaraty “pisou em ovos” e teve cuidado com a escolha das palavras.

A cautela seria “para não melindrar o ditador amigo de Lula da Silva – aquele mesmo Lula da Silva que não escolheu palavras quando comparou Israel à Alemanha nazista”, lembra o Estadão.

A diplomacia de Lula da Silva para a Venezuela em seu terceiro mandato segue a mesma linha dos anteriores, na década de 2000, quando não interferiu na gradual tomada de controle do Legislativo, do Judiciário, das Forças Armadas e das instituições de Estado pelo regime de Hugo Chávez.

Brasília também se distancia de vozes respeitáveis da esquerda, como a do ex-presidente uruguaio Pepe Mujica, que criticam abertamente o autoritarismo do regime venezuelano.

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