O Estadão criticou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por convocar o pronunciamento de rádio e TV no último domingo, 28, que não serviu para “fazer algum comentário oficial sobre a vergonhosa eleição na Venezuela”, mas para uma prestação de contas que se configurou como um comício, com clara finalidade eleitoral.
“O extemporâneo pronunciamento, convocado a título de prestação de contas após um ano e meio de governo, foi, na prática, um comício fora de hora e de lugar, num escandaloso uso da máquina pública para fins eleitorais e partidários. É o velho Lula de sempre – mas a reiteração desse comportamento antirrepublicano por parte do chefão petista não o torna menos grave”, começa o jornal no editorial publicado neste sábado, 3.
Lula fez vergonhoso uso da máquina pública com pronunciamento, diz Estadão
O Estadão lembra que nos “longos 7 minutos e 18 segundos”, Lula criticou os governos de Jair Bolsonaro e Michel Temer e fez elogios à sua própria gestão, omitindo os desmandos e erros dos governos petistas. Na “narrativa obviamente não se consideram nem os dois anos de recessão provocados pela inépcia de Dilma Rousseff nem a pandemia de covid-19”.
“Como não se tratava de “assunto de relevante importância”, como manda o Decreto 84.181, de 1979, que regulamenta a convocação de rede nacional de rádio e TV, o pronunciamento de Lula não tinha nenhum compromisso com a verdade. Sentindo-se autorizado por sua condição de demiurgo, caprichou na mistificação”, afirmou o Estadão.
Como parte dessa mistificação, o jornal frisa que “estava claro que o presidente estava mais uma vez colocando os brasileiros diante de uma escolha crucial: o PT ou a barbárie”.
“No mais, é o caso de perguntar quais eram as motivações e os objetivos de Lula com seu comício em cadeia nacional”, afirma o jornal. Lula apenas cumpriu tabela ao reiterar seu compromisso com o equilíbrio das contas públicas. Todo o resto do pronunciamento demonstra que o petista pretende travar um embate com Bolsonaro nas eleições municipais. “E o uso vergonhoso da máquina pública para isso mostra até que ponto Lula está disposto a ir nessa guerra imaginária”, finaliza o editorial.