Estados Unidos libera plantio em reservas ambientais: ‘hipocrisia desses paises que ditam normas para que nós brasileiros’, diz Assuero Veronez

O Departamento de Agricultura dos EUA permitirá que os agricultores que fazem parte dos contratos federais de conservação de terras rescindam voluntariamente seus contratos e plantem nessas terras, a fim de ajudar a mitigar a crise global de alimentos, disse à agência de notícias Reuters.

Para conversar sobre esse assunto, a redação do Diário do Acre conversou com Assuero Veronez, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Acre (FAEAC). Segundo Assuero, essa liberação mostra um pouco da hipocrisia que permeia o tema, principalmente a hipocrisia dos Estados Unidos e dos países da europa ocidental, especialmente aqueles que vivem cobrando compromissos do Brasil com o meio ambiente mas que eles em casa não praticam.

“Os Estados Unidos tinha um programa de conservação de áreas, especialmente áreas úmidas e áreas mais sensíveis. Eles tinham esse programa que é um Pagamento de Serviços Ambientais [PSA], nós até temos uma lei mas que até hoje não tem aplicação no Brasil, mas é um tipo de PSA, que é o pagamento de serviços ambientais em torno de 100 dólares por hectare/ano e mais mudas fornecidas para que os agricultores recuperassem e mantivessem essas áreas conservadas para cumprir compromissos ambientais com relação a mudanças climáticas e criando mais áreas de conservação”, iniciou Assuero. 

“Ocorre que no primeiro aperto que deu, quando o mundo está avaliando e percebendo que nós temos pela frente uma crise alimentar, provocada especialmente pela guerra entre Ucrânia e Rússia, que pelo jeito vai impactar a produção de alimentos, já que aquela região da Rússia, como da Ucrânia, são grandes produtoras de trigo, milho, girassol, que são alimentos importantes, são grandes exportadores inclusive desses produtos, e isso vai ter esse impacto negativo sobre a questão da fome”, pontuou. 

A análise que o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Acre faz é que os EUA estão enxergando além da crise alimentar e se utilizando do momento como uma oportunidade para poder produzir mais alimentos exportar mais e ganhar mais dinheiro.

“Enquanto isso, nós aqui cada vez mais criamos áreas de proteção ambiental em terras absolutamente férteis, coisa que o mundo não faz, você engessar e esteriliza áreas com grande vocação agrícola e usa para conservação, é coisa que o mundo não faz, os Estados Unidos não faz, a Europa muito menos. A Europa vê uma crise energética se anunciando e que também já está voltando, reativando as suas usinas a carvão, ou seja, o processo de produção de energia altamente poluentes e que estão sendo recuperados justamente porque estão tendo dificuldade de fornecimento de gás russo”, disse Assuero.  

“O Brasil é o país mais verde do mundo, é o país que tem 66% da área do território brasileiro coberto por vegetação nativa, coisa que nunca foi mexida e mais de 50% do país com áreas protegidas, entre reservas indígenas, unidades de conservação e áreas dentro das propriedades rurais, que são por lei obrigadas a serem mantidas como reserva legal e áreas de preservação permanente, reserva legal essa que país do mundo nenhum tem e nós chegamos aqui na amazônia a 80% de cada propriedade, num verdadeiro confisco que a gente tem que destinar a conservação ambiental”, salientou o presidente da FAEAC. 

“Esse é um longo assunto, mas a notícia é interessante porque realmente escancara essa hipocrisia dos países ricos que financiam ongs para vir atrapalhar o Brasil, para vir criar problema e denegrir a imagem do país, e também brasileiros que difamam o Brasil no exterior e com isso nós vamos enredando numa teia cada vez maior de legislação, de burocracia, de tudo que atrasa o desenvolvimento do país especialmente das regiões mais novas no processo de ocupação como são as regiões da amazônia e o Acre em especial”, finalizou. 

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