Estudo do Cepea aponta: agro mais feminino, educado e moderno, mas ainda com alta informalidade

Na última década, o agronegócio brasileiro passou por transformações significativas. O setor se tornou mais feminino, reduziu a presença de trabalhadores dentro da porteira, ampliou o número de ocupados na agroindústria e nos agrosserviços e elevou o patamar educacional da força de trabalho. No entanto, a informalidade continua sendo um desafio a ser superado.

Os dados fazem parte do estudo mais recente do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). O levantamento utiliza informações da PNAD Contínua do IBGE e mostra que, no segundo trimestre de 2025, a população ocupada no agronegócio era de 28,2 milhões de pessoas, o equivalente a 26% da força de trabalho do país — a menor participação desde 2012.

A modernização do campo tem sido determinante nessa mudança. Em 2015, havia 9,24 milhões de trabalhadores atuando diretamente na produção primária. Hoje, esse número caiu para 7,7 milhões, uma redução de 17%. Em contrapartida, o setor de agrosserviços — que inclui transporte, operações financeiras e gestão — registrou crescimento de 22% no mesmo período, saltando de 8,6 milhões para 10,5 milhões de trabalhadores.

Segundo o Cepea, a migração da mão de obra do campo para os segmentos de agroindústria e agrosserviços é explicada por fatores como a mecanização da produção, o êxodo rural de jovens e a queda no número de filhos nas famílias. Diante desse cenário, os analistas defendem a adoção de políticas públicas de inclusão produtiva, assistência técnica e incentivos ao uso de novas tecnologias, além de programas de capacitação profissional.

Apesar da redução no número de trabalhadores diretos, a renda do setor cresceu acima da média nacional. Enquanto o rendimento médio no Brasil subiu 9% na última década, no agro a evolução foi de 13%. Dentro da porteira, a remuneração média chegou a R$ 1.994, alta de 32% em dez anos. A escolaridade também avançou: o número de trabalhadores com ensino superior aumentou 63% no período, enquanto aqueles sem instrução caíram 24%.

Outro ponto de destaque é o aumento da participação feminina. Atualmente, 10,8 milhões de mulheres compõem a força de trabalho do agronegócio, um crescimento de 9% em relação a dez anos atrás, acima da evolução masculina, que foi de 4,5%. Porém, a informalidade segue como obstáculo: 15% dos trabalhadores do setor não têm carteira assinada, percentual maior que os 13% registrados em 2015.

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