Os Estados Unidos anunciaram oficialmente nesta sexta-feira (24) a imposição de sanções contra o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, bem como contra membros de seu círculo íntimo e político. A medida foi anunciada pelo U.S. Department of the Treasury (Departamento do Tesouro dos EUA), por meio de seu braço sancionador, a Office of Foreign Assets Control (OFAC).
A ação recai sobre Petro, sua esposa Verónica del Socorro Alcócer García, seu filho Nicolás Fernando Petro Burgos e o ministro do Interior da Colômbia, Armando Alberto Benedetti Villaneda — todos enquadrados como integrantes da “rede de apoio” de Petro sob a acusação de facilitar ou não combater suficientemente o tráfego internacional de drogas.
A base jurídica da sanção está no Decreto Executivo (E.O.) 14059, que permite ao governo dos EUA designar pessoas estrangeiras sob o argumento de envolvimento no comércio ilícito global de drogas.
Em consequência, todos os bens e interesses em bens dos designados que estiverem sob jurisdição norte-americana ficam bloqueados, e pessoas ou entidades dos EUA ficam proibidas de realizar transações com eles sem autorização da OFAC.
Motivos
De acordo com o comunicado do Tesouro dos EUA, a motivação principal para essa medida é o forte aumento da produção de cocaína na Colômbia desde que Petro assumiu, chegando a níveis “mais altos em décadas”, segundo o documento.
Além disso, o governo norte-americano acusa Petro de permitir que cartéis de drogas florescessem em seu país, de falhar em cumprir as responsabilidades internacionais de combate à produção e tráfico de entorpecentes e até de ter adotado políticas que, segundo Washington, favoreceram organizações de narcotráfico.
Há ainda referências a medidas específicas: por exemplo, a suspensão da Unidade de Inteligência Financeira da Colômbia do Grupo Egmont após Petro admitir ter compartilhado informações confidenciais de combate à lavagem de dinheiro.
Também se menciona o plano “paz total” de Petro como facilitador de cultivo de coca ou de renegociação com produtores de folha de coca — uma abordagem que, segundo os EUA, não teria sido eficaz ou teria contribuído para os recordes de cultivo.
Repercussões
Essa sanção representa uma escalada marcante na relação entre os Estados Unidos e a Colômbia, historicamente aliadas na América Latina. A imposição de medidas tão severas contra o chefe de Estado colombiano é um sinal claro de insatisfação de Washington com Bogotá.
No plano prático, para o governo de Petro, isso pode significar isolamento diplomático, cortes em cooperação militar ou antinarcóticos, restrições em financiamento internacional e complicações para acordos comerciais nos quais a Colômbia participa.
Internamente, essa crise pode reforçar críticas à estratégia de Petro no combate às drogas, estimular oposição política e gerar questionamentos sobre a eficácia de sua administração frente ao narcotráfico.
Para os cidadãos colombianos, há o risco de que a tensão com os EUA impacte economia, investimentos estrangeiros e confiança internacional no país.
Na arena internacional, a medida também serve de alerta para outros países da região: demonstrações de tolerância ou falhas no combate ao tráfico podem levar a sanções ou à perda de benefícios diplomáticos e econômicos.
Além disso, a sanção ativa mecanismos de bloqueio de bens e transações que trazem implicações concretas para redes financeiras, empresas vinculadas ou indivíduos de fora que mantenham ligações com os designados.



