O escritor e antropólogo Antonio Risério, 71, afirmou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está “completamente perdido”, tanto na política externa quanto na interna. “Na política externa, parece uma barata tonta de esquerda. Na política interna, uma barata tonta de centro”, declarou. Crítico do identitarismo e ex-colaborador das campanhas petistas nos anos 2000, Risério rompeu com o partido após o escândalo do Mensalão e diz que Lula se tornou refém de barganhas e alianças com oligarquias.

Em entrevista, Risério critica fortemente os movimentos identitários, que segundo ele, abandonaram o debate social e econômico para se fecharem em “guetos biológicos”. Para ele, esses movimentos vivem do “vitimismo programático”, são intolerantes e “mais inflexíveis que os evangélicos”. Acredita que o identitarismo está em declínio desde 2022, após reação da sociedade e de intelectuais no Ocidente à “ditadura linguística” e ao distanciamento das questões reais da sociedade.

Ao comentar as eleições de 2026, Risério acredita que Lula pode ser derrotado se centro e direita se unirem. No entanto, reconhece que o presidente ainda tem força caso a oposição se mantenha dividida. Ele também critica os marqueteiros do governo, como Sidônio Palmeira, por não dominarem a linguagem das redes sociais. “São todos publicitários do século passado”, afirma.

Atualmente vivendo na Ilha de Itaparica (BA), Risério lançará no dia 9 de julho o livro “Pelé, o Negão Planetário” (Topbooks), uma análise da figura do maior jogador da história do futebol brasileiro sob perspectivas sociológica, política e cultural. Segundo ele, o livro foi uma maneira de “ler o Brasil através de Pelé”.