Enviado especial para a COP30, ex-ministro da Agricultura defende que o agro brasileiro tem condições de unir produção e preservação e de mostrar ao mundo que o cinturão tropical é a chave para combater a fome, a desigualdade e a crise climática.
O ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, nomeado enviado especial do Brasil para a COP30, acredita que o agronegócio nacional está preparado para protagonizar uma nova fase no debate climático mundial: mostrar que a agricultura tropical pode ser parte da solução. À frente da missão de representar o setor na conferência, ele levará um documento que resume 50 anos de transformação do agro brasileiro de um país importador de alimentos a uma potência sustentável, impulsionada por ciência, tecnologia e inovação.
Para Rodrigues, a COP30 será a grande oportunidade de provar que produção e preservação podem andar juntas, desde que haja financiamento e comércio justo. Ele defende que o Brasil tem papel central na resposta aos “quatro cavaleiros do apocalipse contemporâneos”: fome, energia, desigualdade e clima. “O cinturão tropical do planeta, América Latina, África e Ásia, tem terra para crescer. Mas só o Brasil montou um projeto tecnicamente sustentável”, afirmou.
O documento que o ex-ministro levará à COP30 tem duas partes principais: a primeira conta como o país saiu de importador a exportador para 190 nações, com base em ciência e tecnologia; a segunda propõe replicar esse modelo sustentável em outras regiões tropicais. Para isso, Rodrigues aponta dois pilares indispensáveis: financiamento internacional e flexibilização das regras de comércio. “Se mantivermos o protecionismo atual, nenhum país entra no mercado e ninguém produz”, alertou.
Cético no passado quanto à efetividade das conferências do clima, Rodrigues diz ter aceitado o convite do embaixador André Corrêa do Lago por acreditar que a COP30 “precisa sair do discurso para a ação”. Segundo ele, o Brasil pode liderar uma transição sustentável e pacífica, provando que “é possível garantir segurança alimentar e energética sem destruir o meio ambiente”.
O ex-ministro também rebate as críticas internacionais sobre o desmatamento. “Nós não somos a favor de ilegalidade. Quem desmata ilegalmente ou invade terra é bandido e precisa ser punido. O nosso agro é eficiente, sustentável e ambientalista”, afirmou, criticando o que chama de “protecionismo travestido de discurso ambiental” vindo da Europa.
Rodrigues destaca ainda o papel dos biocombustíveis na transição energética. “A matriz energética brasileira é 50% renovável, e 60% disso vem da agricultura. O álcool de cana, por exemplo, emite apenas 11% do carbono da gasolina. Isso é um ativo extraordinário”, explicou. Para a COP30, ele promete apresentar o painel “O céu é o limite”, sobre o potencial dos combustíveis sustentáveis de aviação (SAF). “O agro tropical vai resolver as questões centrais de fome, energia e clima, e o Brasil será o comandante desse processo”, concluiu.



