Federação das Indústrias do Paraná aponta que reduzir jornada sem aumentar produtividade pode afetar empregos, investimentos e preços.
A declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), feita nesta quinta-feira (4), defendendo o fim da escala 6×1 reacendeu o debate sobre a jornada de trabalho no país. Poucas horas depois, a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) divulgou nota pública afirmando estar preocupada com qualquer proposta de redução de horas sem aumento correspondente de produtividade.
Segundo a entidade, medidas desse tipo têm impacto direto nos custos da mão de obra e podem comprometer a competitividade das empresas. A Fiep ressaltou que o Brasil vive um período de estagnação econômica há mais de 15 anos, agravado por juros elevados, baixa modernização tecnológica e alta carga tributária, fatores que já reduzem a capacidade de investimento do setor produtivo.
Para a federação, a diminuição da jornada sem contrapartidas elevaria automaticamente os custos, pressionaria o preço de produtos e serviços e poderia desestimular novos investimentos. O reflexo, afirma, seria sentido pela população, com risco de queda no número de empregos formais e menor ritmo de crescimento econômico.
A entidade defendeu ainda que o tema precisa ser discutido com responsabilidade, base técnica e total transparência, priorizando avanços em produtividade, inovação, qualificação profissional e melhoria do ambiente de negócios. Medidas que não respeitam esse equilíbrio, segundo a Fiep, podem gerar impactos contrários ao que buscam proteger.
A fala de Lula ocorreu durante a 6ª Plenária do Conselhão (CDESS), em Brasília, quando o presidente sugeriu que o colegiado pode ajudar a acelerar o fim da escala 6×1. A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, também defendeu o debate, citando a recente isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil como exemplo de avanço social.



