Em razão da influência que recebi na juventude da mentalidade de esquerda, durante muitos anos da minha vida, erroneamente, achava que ser da elite era um privilégio odioso. Uma pessoa de elite era uma pessoa que tinha privilégios injustificáveis. Se podia insultar alguém dizendo que era uma pessoa de elite. A ideia do igualitarismo esquerdista como utopia inatingível que levou a humanidade a verdadeiras catástrofes.
Um dos livros que me libertou dessa ideia equivocada aconteceu quando recebi de um amigo conservador o presente de uma grande e festejada obra. Trata-se do livro “Nobreza e Elites Tradicionais Análogas”, de autoria do Dr. Plínio Correia de Oliveira, Católico que foi um verdadeiro Apóstolo do Brasil, criador da TFP – Tradição, Família e Propriedade.
O livro do Dr. Plínio Correia de Oliveira se constitui de comentários que fez sobre alocuções do Papa Pio XII referentemente ao Patriciado e à Nobreza romana, bem como às elites tradicionais análogas à Nobreza. Nessas alocuções o Santo Papa exaltava o importante papel da Nobreza e das Elites Tradicionais análogas para o Catolicismo e para a evangelização do povo.
Abri os olhos. Ser da elite não significa privilégio, como a palavra ficou deturpada na boca dos esquerdistas. Ser de elite significa maior responsabilidade com os outros. Se tive maiores oportunidades de me educar, logo tenho maiores responsabilidade. Nesse sentido, fazer parte de uma elite, implica em maior dever para com os nossos semelhantes.
No presente momento, com muito gosto, estou lendo o livro “FLORES, CAMPOS, BARROS E CARVALHO”, de autoria de Maria Stella de Siqueira Campos”, da ilustre família “Siqueira Campos” da cidade de Flores. Um dos capítulos do livro é: “A Família Campos – Uma Aristocracia Sertaneja”.
A ilustre autora não teve nenhuma inibição em se dizer pertencente a uma “aristocracia”. Pertencer a uma aristocracia (uma elite), significa ter maiores responsabilidades sociais.
Eis o que disse a autora: “Nos tempos de hoje, isso parece tolice. Numa era de desenfreado materialismo, onde o referencial de todos os valores é apenas o dinheiro, ter orgulho dos antepassados e cultivar o amor à família são considerados anacronismos incompatíveis com os princípios democráticos.
Nada mais falso. O país mais democrático do mundo é a Inglaterra e nenhum povo é mais apegado às tradições, nenhum povo se orgulha mais dos seus ancestrais, nenhum povo leva mais a sério os laços familiares do que o povo inglês”!
Dou completa razão a senhora Stella Siqueira Campos. Dessa ilustre família vieram personalidades ilustres como Antônio Siqueira Campos, que dá nome a várias ruas pelo Brasil inteiro; Monsenhor Pinto Campos, deputado federal no Império, e autor de grandes obras, bem como Pedro Pessoa Siqueira Campos, que foi líder na cidade de Flores por muito tempo.
No momento tento convencer um amigo parlamentar acreano a republicar as obras completas do Monselhor Pinto de Campos. Vou tentar publicar, pelos menos, “O SENHOR D. PEDRO II – IMPERADOR DO BRASIL”, uma biografia do nosso Imperador D. Pedro II, escrita por Monselhor Joaquim Pinto de Campos, com um prefácio do escritor português Camillo Castelo Branco.
É uma biografia que todos nós brasileiros deveríamos ler. Saber o que significa uma educação de elite, como teve D. Pedro II. Foi essa educação de elite que fez de D. Pedro II um estadista que nos legou o Brasil grande de hoje.
A família Siqueira Campos, como bem representada por dona Stella, autora de um livro de memória, honra o passado e realizações dos seus ancestrais ilustres!
Ora, a família Perazzo descende da mesma estirpe (Siqueira) da cidade de Flores, por seu ancestral (Tenente Coronel Francisco Miguel de Siqueira), bem como da ilustre família “Carvalho”, por sua ancestral, esposa do Coronel, Iría Nogueira de Carvalho.
O Tenente Coronel Francisco Miguel de Siqueira, politicamente, seguia a liderança do seu primo Monselhor Joaquim Pinto de Campos, intelectual de escol e sete vezes deputado federal pelo Partido Conservador. Por evidente também, seguia a liderança do seu parente Pedro Pessoa de Siqueira Campos, e, em Ingazeira, era correligionário de seu parente Capitão Espiridião de Siqueira Campos.
Pois bem. Os Siqueira Campos de Flores enaltecem seus ilustres ancestrais, que tinham as mesmas patentes e desempenharam os mesmos cargos de Francisco Miguel de Siqueira (liderança do partido conservador, membro do conselho municipal, delegado, juiz de paz, juiz municipal etc).
Os descendentes de Francisco Miguel de Siqueira, muitos, sequer, sabiam de que é o ancestral mais ilustre da família Perazzo. Uma ingratidão que fere os mandamentos bíblicos (honra teus pais).
Eu inclusive já ouvi de uma descendente (não vou dizer quem) de Francisco Miguel de Siqueira que não fazia questão de dizer que dele descendia. Tudo isso em razão de um comentário do livro de “Tombo” da Paróquia de Ingazeira em que ficou registrado que um padre – que do púlpito defendia o Movimento Quebra Quilos – saiu chorando da Ingazeira por um atrito com Chico Miguel.
Acho isso tudo uma covardia! Omitir-se no sentido de defender a memória de seus ancestrais.
O Tenente Coronel Francisco Miguel de Siqueira (Chico Miguel) era um homem de bem! Um líder! Foi tudo na Vila da Ingazeira: Produtor rural (grande), líder do Partido Conservador, Conselheiro Municipal, Delegado, Juiz Municipal, Juiz de Paz, Procurador da Paróquia de São José, Comandante da Guarda Nacional. Membro de uma elite análoga à nobreza.
Se o Padre Vasco saiu chorando da Ingazeira pelo atrito que teve com Chico Miguel, a razão não estava com o religioso. O Movimento Quebra Quilos defendido pelo Padre Vasco era ilegal. Chico Miguel era defensor da Lei e da Ordem, conforme estava obrigado pela Lei que criou a Guarda Nacional em 1831.
Ao fazer parte da elite tradicional análoga (à Nobreza), na condição de Tenente Coronel da Guarda Nacional, tinha o dever de defender a Monarquia Brasileira, na forma do artigo 143 da Constituição do Império do Brasil. Não podia defender o Movimento Quebra Quilos como o fazia o Padre do púlpito. Esse foi o motivo do choro e da queixa do religioso, que ficou registrado no livro de Tombo da Paróquia de Ingazeira.
Há três anos eu fiz uma placa e a coloquei no Túmulo (em ruínas) do meu tetra avô Francisco Miguel de Siqueira. Soube que se cogitou em demoli-lo. Uma solução ainda paliativa.
Essa semana recebi uma mensagem de meu amigo (parente) e pesquisador HesdrasSérvulo de Siqueira Campos Farias. Fiquei tão feliz com a mensagem que vou compartilhar:
“A revitalização do túmulo do Coronel Francisco Miguel de Siqueira é uma ação de suma importância para preservar a memória e reconhecer o legado político deste ilustre personagem na cidade de Ingazeira e na região do Pajeú. O Coronel Chico Miguel, figura proeminente na história local, desempenhou um papel crucial no desenvolvimento político durante a segunda metade do século XIX.
O Coronel Francisco Miguel de Siqueira foi um líder respeitado, cujas contribuições marcaram o final do século XIX no Pajeú. Seu legado político deixou marcas indeléveis no Partido Conservador de Pernambuco, e a revitalização de seu túmulo é uma maneira de honrar sua memória e destacar a importância de seu trabalho como figura de importância para a cidade e também para nossa região.
A preservação do túmulo do Coronel Chico Miguel não é apenas um ato simbólico, mas também uma demonstração tangível de respeito pela história e pelas personalidades que moldaram o tecido político local. Ao revitalizar este espaço, a comunidade reconhece a relevância do Coronel e proporciona um local digno para que as gerações presentes e futuras possam aprender sobre sua contribuição num momento histórico de transição da Monarquia para a República.
Além disso, a revitalização do túmulo pode atrair a atenção de turistas e visitantes interessados na história regional, promovendo o turismo cultural e fortalecendo a identidade local. O reconhecimento e a preservação do legado do Coronel Chico Miguel não apenas enriquecem a herança cultural da comunidade, mas também servem como inspiração para lideranças futuras, incentivando o comprometimento com o bem-estar da cidade e a promoção de valores históricos fundamentais.
Revitalizar seu túmulo é uma ação necessária para preservar a memória de um líder político notável e reforçar a importância de suas contribuições para a cidade de Ingazeira e toda a região do Pajeú. Este gesto não apenas celebra o passado, mas também lança as bases para um futuro que valorize e respeite as raízes históricas que moldaram a comunidade”.
Fiquei comovido com aproposta do meu amigo e parente (Hesdras também é Leite). Lamentei apenas não ter sido a proposta feita por um descendente, em linha reta, do Tenente Coronel Francisco Miguel de Siqueira!
A família Perazzo, por motivo estético, adotou esse sobrenome. Entretanto, sua projeção social no Sertão do Pajeú é uma herança incontestável do legado (material e espiritual) do Tenente Coronel Francisco Miguel de Siqueira. Pretendo depois fazer um artigo sobre a obra de “piedade cristã) do Coronel Chico Miguel, mormente em decorrência de seu breve, mais significativo contato com o Fr. Caetano de Messina, que deixou uma grande obra missionária no Brasil e no Uruguai.
À sua memória (Tenente Coronel Francisco Miguel de Siqueira) minha total gratidão! Que o Deus de Misericórdia o tenha entre os bem-aventurados!