O governo federal anunciou nesta segunda-feira, 14, a criação do Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais. O grupo será instituído dentro da regulamentação da Lei de Reciprocidade. Um dos primeiros atos do comitê deve ser a reunião com setores produtivos do Brasil para tratar sobre a tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos.
De acordo com o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, serão dois blocos de encontro marcados para esta terça-feira, 15. O primeiro deve ocorrer às 10h, com a parte industrial, como setor de aço, autopeças e celulose. A segunda reunião será às 14h, com representantes do agronegócio, como suco de laranja, café, carnes, frutas, mel, couro e pescado.
O Agro Estadão apurou que o encontro com o setor agropecuário deve ter representantes da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) e da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca). Além disso, Alckmin também confirmou a presença dos ministros da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Fávaro, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira, e da Pesca e Aquicultura (MPA), André de Paula.
Ainda conforme apurou a reportagem, alguns representantes também devem participar de um café da manhã no Instituto Pensar Agropecuária (IPA). Na reunião-almoço da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), um dos temas que os parlamentares devem tratar é a tarifa americana.
O vice-presidente brasileiro será o coordenador do comitê e, em entrevista coletiva nesta segunda, indicou que esses encontros com o setor não devem ser os únicos. “Isso não vai se limitar a amanhã. Essa é a primeira conversa, mas nós vamos dar continuidade a esse trabalho e vamos também marcar com entidades e empresas americanas, porque tem uma integração de cadeia”, comentou.
Além disso, Alckmin afirmou que “o governo não pediu nenhuma prorrogação de prazo e não fez nenhuma proposta sobre alíquota” depois que o anúncio da taxa de 50% foi feito. Ele lembrou de uma conversa com o governo de Donald Trump ainda referente a primeira leva de taxação americana, na qual o Brasil foi teve a alíquota de 10%.
“Eu estive, através de uma conferência, com o Howard Lutnick [secretário do Comércio dos Estados Unidos] e com o embaixador Jamieson Greer [representante de Comércio do governo americano], os dois juntos, que são do USTR, depois as conversas continuaram. Aí, no dia 16 de maio, foi encaminhado até em caráter confidencial uma proposta para os Estados Unidos de negociação e não foi respondida ainda”, acrescentou o vice-presidente.
