Governo firma parceria interinstitucional para enfrentamento de crises climáticas na bacia do Igarapé São Francisco

Em meio à crescente crise climática que afeta o Acre, o governo estadual deu mais um passo nesta terça-feira, 24, ao firmar um protocolo de intenções com o Tribunal de Contas do Estado (TCE-AC) e a Universidade Federal do Acre (Ufac). O objetivo central é restaurar a bacia hidrográfica do Igarapé São Francisco, um dos principais cursos d’água de Rio Branco, que enfrenta os impactos da urbanização e das mudanças climáticas. 

Com foco na recuperação ambiental e na melhoria da capacidade de macrodrenagem, o acordo busca mitigar os efeitos de enchentes, secas e poluição que ameaçam tanto o meio ambiente quanto a população ribeirinha.

O Igarapé São Francisco, que atravessa boa parte da capital, Rio Branco, tem sido uma referência tanto em questões ambientais quanto em desafios urbanos.

Estudos foram apresentados sobre o cenário atual do Igarapé São Francisco. Foto: Diego Gurgel/Secom

“Estamos aqui reunidos para enfrentar, de forma unida, os desafios ambientais que o Igarapé São Francisco nos impõe. A crise climática é real e afeta diretamente a vida da nossa população. Com essa parceria entre governo, TCE, Ufac, e todos estes outros parceiros presentes, daremos passos concretos para proteger nossas comunidades e preparar Rio Branco para o futuro”, declarou o governador Gladson Cameli.

União

Durante o evento, o governador Gladson Cameli destacou a importância da união entre as instituições públicas para enfrentar esse cenário, especialmente diante das crises climáticas que o estado do Acre e o Brasil têm enfrentado.

Governador Gladson Cameli destacou a importância da união entre as instituições públicas para enfrentar esse cenário. Foto: Diego Gurgel/Secom

“Estamos atravessando talvez a pior seca da nossa história”, afirmou o governador. Ele lembrou que, mesmo com as queimadas e a seca severa, é essencial preparar-se para a próxima estação de chuvas, que pode trazer novas inundações.

A assinatura do Protocolo de Intenções entre o governo do Estado, a Ufac e o TCE-AC foi exaltada por Cameli como um “pacto para ações integradas no São Francisco”, envolvendo tanto iniciativas emergenciais quanto de médio e longo prazo. O objetivo, segundo o governador, é garantir segurança para as milhares de pessoas que habitam as áreas afetadas pelo igarapé. “A contribuição de cada órgão público aqui representado significa uma esperança para diminuirmos os efeitos das possíveis alagações”, afirmou.

Uma intervenção necessária

Ronald Polanco, conselheiro do TCE-AC e responsável pelo projeto, enfatizou a seriedade do trabalho desenvolvido. “Estamos há muito tempo levantando todas as informações, projetos, planos de manejo e estudos científicos”, disse. Ele salientou que as intervenções devem ser cada vez mais baseadas na ciência, dado o volume de água que o igarapé recebe, superando a capacidade de sua calha.

Ronald Polanco, conselheiro do TCE-AC e responsável pelo projeto. Foto: Diego Gurgel/Secom

Segundo Polanco, grande parte da água que inunda a área urbana vem de zonas rurais, o que torna o desafio ainda maior. “Ocupamos áreas historicamente destinadas à agricultura, o que contribui para as inundações que hoje ocorrem praticamente de dois em dois anos”, completou.

Apoio da bancada federal

O senador Alan Rick também participou da solenidade e reiterou o compromisso da bancada federal do Acre em buscar soluções para as crises hídricas. “Estamos enfrentando uma das maiores crises climáticas da nossa história”, declarou o senador, referindo-se à seca que tem afetado o Rio Acre e outros rios do estado.

Alan Rick afirmou que a união de forças é fundamental para enfrentar esses desafios, e que a bancada federal já está trabalhando com o Ministério do Meio Ambiente e outras instâncias federais para garantir investimentos robustos.

Senador Alan Rick reiterou o compromisso da bancada federal do Acre em buscar soluções para as crises hídricas. Foto: Diego Gurgel/Secom

Ele também destacou a importância da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que é acreana, no apoio a essas ações. “Vamos reunir todos os entes envolvidos, desde o Ministério Público até órgãos de controle, para iniciar um grande projeto de defesa dos nossos principais afluentes”, concluiu.

Ação emergencial e planejamento a longo prazo

O protocolo de intenções visa não apenas ações emergenciais, mas também a criação de um plano integrado de longo prazo para a restauração ambiental e a melhoria da macrodrenagem do Igarapé São Francisco. A proposta técnica de ação integrada foi elaborada por um grupo de trabalho instituído com o propósito de articular as melhores práticas e soluções. A participação da Ufac e o conhecimento acadêmico são componentes essenciais para garantir que as intervenções sejam baseadas em dados concretos e ciência aplicada.

Termo com a participação da Ufac é componente essencial para garantir que as intervenções sejam baseadas em dados concretos. Foto: Diego Gurgel/Secom

O evento contou com a presença de várias autoridades de destaque, incluindo o presidente do TCE-AC, Ribamar Trindade. A deputada federal Socorro Neri e o deputado federal coronel Ulisses também marcaram presença, assim como representantes do Ministério Público do Acre (MPAC), Tribunal de Justiça do Acre (TJAC) e órgãos governamentais do Estado ligados ao meio ambiente.

Desafios e o futuro da bacia do São Francisco

O cenário traçado durante o evento reflete os desafios que a capital acreana e a bacia do Igarapé São Francisco enfrentam diante das mudanças climáticas. No entanto, a assinatura do protocolo de intenções e a mobilização das principais instituições públicas e acadêmicas do estado trazem uma nova esperança de que soluções integradas e eficazes possam ser implementadas.

Cenário traçado durante o evento reflete os desafios que a capital acreana e a bacia do Igarapé São Francisco enfrentam diante das mudanças climáticas. Foto: Diego Gurgel/Secom

A restauração ambiental do São Francisco, bem como o fortalecimento da capacidade de macrodrenagem, são passos essenciais para evitar que as próximas gerações enfrentem os mesmos problemas que assolam a população ribeirinha hoje.

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