Haddad admite dificuldade da esquerda em projetar futuro e critica avanço da direita populista

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reconheceu que a esquerda brasileira, especialmente o PT, tem enfrentado dificuldades em formular um projeto de futuro desde a crise financeira de 2008. Ele destacou que a crise criou um vácuo político que foi rapidamente ocupado por movimentos de direita e extrema-direita, tanto no Brasil quanto no cenário global. Segundo Haddad, a falta de renovação das ideias progressistas deixou a esquerda despreparada para oferecer um “horizonte utópico” que guiasse a sociedade.

Haddad mencionou que, sem um projeto claro de futuro, o espaço foi ocupado por figuras populistas, que promovem visões distópicas e ganham força nas crises. Ele criticou a ausência de autocrítica e reflexão no campo progressista, afirmando que a esquerda precisa de mais formulação teórica e de novas propostas que dialoguem com os anseios da sociedade. “A esquerda está se devendo a isso”, afirmou o ministro, ressaltando a necessidade de ousadia na elaboração de ideias.

O ministro também comentou sobre o impacto das redes sociais na ascensão de figuras populistas e movimentos extremistas, destacando que o cenário atual tem semelhanças com crises políticas do passado. Ele disse que a nova dinâmica da mídia favorece discursos extremistas, criando uma atmosfera onde “os palhaços tomam conta do picadeiro”, referindo-se ao crescimento de líderes inesperados.

Haddad criticou as recentes privatizações no Brasil, como as da Eletrobras e Sabesp, classificando-as como “escandalosas” sob qualquer análise internacional isenta. Ele apontou que a crise não afeta apenas a esquerda, mas também o liberalismo, que, segundo ele, está sendo substituído por uma “direita iliberal” com práticas agressivas, tanto no Brasil quanto no exterior.

Sobre o futuro da esquerda, Haddad elogiou Lula como a principal liderança progressista, mas alertou que o campo precisa se renovar para continuar relevante. Ele reconheceu que o presidente desempenha um papel central, mas destacou que é fundamental ampliar os horizontes políticos para evitar que o extremismo continue a ganhar força.

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