O noticiário político – em especial a novidade de o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o preferido do mercado, aparecer à frente do presidente Lula nas intenções de voto para 2026 em pesquisa AtlasIntel – colocou o Ibovespa em recorde histórico no intradia, mas não no fechamento desta quinta-feira: acima, no primeiro caso, da marca de 4 de julho, que segue como maior nível de encerramento, então aos 141 263,56 pontos. Dessa forma, ficou em segundo plano, nesta quinta a operação da Polícia Federal sobre incursões do PCC no setor de combustíveis, com respingos em empresas financeiras da Faria Lima, centro nervoso do setor no Brasil.
No melhor momento, o índice da B3 foi aos 142.138,27 pontos, novo recorde, saindo de mínima na abertura a 139.205,81 pontos, com giro nesta quinta-feira a R$ 22,7 bilhões. Ao fim, marcava ganho de 1,32%, aos 141.049,20 pontos, pela segunda vez na casa dos 141 mil, quase repetindo o nível de 4 de julho. No ano, avança 17,26%.
Na semana, avança 2,23% e no mês, faltando apenas a sessão de amanhã para o encerramento de agosto, sobe 6,00%, por enquanto a caminho de sua maior ascensão desde março, então em alta de 6,08%. Se conseguir superar esta marca, na sexta, buscará o maior ganho mensal desde agosto do ano passado, quando teve alta de 6,54% – caso avance ainda mais, rompendo a valorização vista um ano atrás, será o maior ganho para o índice desde novembro de 2023 (+12,54%).
Apenas cinco dos 84 papéis que compõem a carteira Ibovespa ficaram de fora da euforia: Pão de Açúcar (-1,39%), Telefônica Brasil (-0,44%), Suzano (-0,28%), Petz (-0,26%) e BRF (-0,05%). Na ponta oposta, Magazine Luiza (+9,19%), Ultrapar (+8,08%), Vamos (+7,92%), Usiminas (+5,23%) e Vibra (+4,97%) .
Entre as blue chips, destaque para as ações de grandes bancos no dia em que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que a Receita Federal atuará, a partir da sexta-feira, com o mesmo rigor sobre as fintechs do que o atribuído às maiores instituições financeiras. Os ganhos do dia no segmento ficaram entre 1,51% (Santander Unit) e 2,35% (Bradesco ON). Itaú PN, principal papel do setor, subiu 2,08%. BTG fechou em alta de 1,07%. Os carros-chefes das commodities, Petrobras (ON +1,21%, PN +0,88%) e Vale (ON +0,04%), mostraram ganhos mais discretos no fechamento.
Em dia de operação da PF na Faria Lima, Haddad informou que a Receita Federal passará a enquadrar fintechs como instituições financeiras a partir desta sexta-feira. A ideia é aumentar o poder de fiscalização tributária sobre essas instituições, que vêm sendo usadas para lavar dinheiro do crime organizado, explicou o ministro da Fazenda. “As fintechs, a partir de amanhã, terão que cumprir rigorosamente as mesmas obrigações que os grandes bancos”, disse Haddad na saída de uma entrevista coletiva sobre as três operações contra o crime organizado deflagradas nesta quinta-feira, com reflexos na Faria Lima.
Dólar tem leve queda com exterior em dia de foco no cenário eleitoral
Após trocas de sinal pela manhã, o dólar se firmou em leve baixa ao longo da tarde desta quinta-feira (28), em meio ao aprofundamento das perdas da moeda americana no exterior e ao avanço do petróleo. Dados de atividade e inflação nos Estados Unidos divulgados hoje não alteraram a expectativa majoritária de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) iniciará um ciclo de cortes de juros em setembro.
Em dinâmica similar à observada na quarta-feira, a agenda doméstica carregada ficou em segundo plano. Operadores viram pouca influência tanto de pesquisa mostrando favoritismo do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, na corrida eleitoral, quanto da operação da Polícia Federal Carbono Oculto para combate à atuação crime organizado no setor de distribuição de combustíveis que abrangeu instituições financeiras.
Com mínima de R$ 5,3974 e máxima de R$ 5,4319, o dólar à vista encerrou a sessão de hoje em baixa de 0,20%, a R$ 5,4064. Fatores técnicos, como início da rolagem de posição no segmento futuro e a disputa na sexta-feira pela formação da última taxa ptax de agosto, podem ter reduzido o fôlego do real. Após dois pregões consecutivos de baixa, a moeda americana acumula queda de 0,36% na semana e de 3,47% em agosto. No ano, o dólar recua 12,52% em relação ao real, que tem o melhor desempenho no período entre divisas latino-americanas.
Nos Estados Unidos, a segunda leitura do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre mostrou crescimento de 3,3%, acima do previsto (3,2%) e do resultado da primeira leitura (3%). Já o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) subiu ao ritmo anualizado de 2% no segundo trimestre, abaixo da primeira leitura, de 2,1%. Houve desaceleração em relação ao trimestre anterior (3,7%).