Indústria de máquinas vê ganhos menores em 2025 e freia investimentos

As indústrias de máquinas agrícolas começaram a rever o seu crescimento para este ano. O movimento está associado à baixa comercialização, observada, por exemplo, durante a Expointer 2025, quando as vendas de máquinas e implementos agrícolas registraram uma queda de 50% em relação ao ano anterior, totalizando R$ 3,7 milhões. 

Segundo Fernando Capra, CEO da Baldan, o cenário está atrelado ao endividamento no campo, que se choca, hoje, com preços das commodities estabilizados e custo de produção em alta. “Nós tivemos, sim, um primeiro semestre muito interessante. Tivemos a Agrishow, que foi um grande momento, porque a conjuntura não era de tanta incerteza como agora”, disse. 

Ao Agro Estadão, o dirigente salientou que, por mais que, nos primeiros meses deste ano, se soubesse que o capital ainda estava caro, a produção era boa e tinha uma perspectiva de melhora nos preços internacionais das commodities. Porém, tudo mudou neste segundo semestre. “O que aconteceu agora é que, além do Plano Safra ter vindo mais tarde e mais caro, a incerteza no cenário geopolítico mundial também assustou todo mundo”.

Diante deste contexto, a Baldan tem observado uma procura maior dos agricultores por implementos para preparo do solo, considerados “linhas de produtos de menor valor”. Do outro lado, a busca por tratores têm caído. Com isso, o dirigente acredita em um crescimento de cerca de 5% no setor em 2025, ante 10% projetados no início do ano. “Quando você entra em um cenário onde o custo de capital é alto, isso inviabiliza ainda mais qualquer decisão de investimento do produtor rural em equipamentos. Porque o cenário já não permite nem a continuidade do básico na produção dele, muito menos investir em equipamentos”, afirma. 

Perante as atuais circunstâncias, a empresa, quase centenária na cadeia de máquinas e implementos agrícolas, deve frear os investimentos, operando em um ritmo menos acelerado do que o previsto. “Reduzindo e redirecionando”, como destacou o CEO.

Para o próximo ano, contudo, a visão de Capra é de continuidade das condições observadas nesta reta final de 2025. “Não há, no horizonte de curto prazo, pelo menos na nossa visão, nada que altere essa dinâmica. E partindo do entendimento que o ponto central disso é o custo de capital, a taxa de juros no nível que está inibe investimentos”, apontou. 

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