Interesses europeus e o que precisa ser feito no agronegócio brasileiro para regulamentar o mercado de carbono

Conflitos entre preservação ambiental e aumento de produção agropecuária têm, muitas vezes, atrapalhado o agronegócio europeu e, também, causado efeito aos produtores rurais brasileiros

O agronegócio e os setores urbanos estão intrinsecamente conectados, já que as cadeias produtivas de alimentos influenciam diretamente no cotidiano das cidades. Porém, muitos ruídos de comunicação entre as duas pontas geram discussões e desentendimentos que merecem atenção.

Uma das principais convergências entre os interesses do campo e da cidade acontece quando se fala em sustentabilidade ambiental. À medida que essa discussão ganha maiores dimensões no meio urbano, cresce também a relevância desse tema no âmbito rural, pois o agronegócio é colocado muitas vezes no centro dos debates sobre as emissões de gases atmosféricos poluentes.

Por esse motivo, o agronegócio, sobretudo no Brasil, tem buscado medidas para uma produção sustentável, com preservação do meio ambiente e redução da emissão de gases poluentes. Com essa combinação de maior produtividade e mais preservação, uma soma que beneficia duplamente tanto o campo quanto a cidade, os produtores rurais têm reivindicado os chamados créditos de carbono, que, basicamente, são pagamentos realizados por empresas e países, que emitem mais gás carbônico, aos agropecuaristas pela redução dessas emissões na atmosfera.

Entretanto, esse mercado bioeconômico, por mais que haja pressa, ainda não está em pleno funcionamento. Para muitos produtores, sequer existe. Por esse motivo, o Conexão Campo Cidade desta semana recebeu Daniel Vargas, coordenador do observatório de bioecnomia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o qual esteve na Alemanha recentemente, justamente para debater sobre esse assunto. A íntegra do programa está disponível no vídeo acima e a seguir você confere um pouco das principais discussões desta edição.

Conflito europeu entre aumento da preservação ambiental e a produção agropecuária

Hoje na Alemanha existe uma enorme resistência com a produção rural. Seja com grande, média ou pequeno produtor. Lá, o ministério da Agricultura, liderado pelo Partido Verde, que tem como base o consumo da classe média nos grandes centros, e, portanto, tem como foco a qualidade do alimento e do consumidor, não do produtor. É a primeira diferença radical.

Os políticos não são ligados ao setor e a discussão de como vão limitar, regular o produtor. Além disso, na visão deles, o problema climático é uma questão de escolha entre preservar mais ou produzir mais. Para diminuir a poluição do o uso da terra, eles pensam apenas em reduzir o uso da terra, pagando o produtor para deixar a área sem plantar. Isso foi o que Vargas julgou ser o mais emblemático.

Quando se fala em aumentar a produção rural sustentável, eles ficam temorosos, porque para eles o campo é uma zona de problema, um local onde há uma emissão de carbono que precisa ser combatida.

Para Antônio da Luz, nada é mais elitista do que políticas que determinam uma produção sem tecnologia como a de defensivos agrícolas e posicionamentos para restrição dos produtores, como tem sido feito na Europa. Isso porque os países europeus possuem renda per capita elevada, onde diminuir a produção e, por consequência, aumentar os preços, representa uma redução pode poder de compra da população, porém não em fome. Diferentemente do que ocorre em países da África, Oriente Médio, sudeste asiático e América Latina, onde já se enfrenta problema com fome e aumentos de preços desencadearia em uma situação crítica.

Da redação Diário do Acre, com informações de Igor Batista, do Notícias Agrícolas

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