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J. R. Guzzo: ‘Agora que sabemos quem matou Marielle, a esquerda ficou muda’

Há seis anos inteiros, sem parar, o governo, a esquerda nacional e as classes que não produzem repetem uma pergunta indignada: “Quem matou Marielle?” O que todos queriam dizer, naturalmente, é que foi Bolsonaro, ou a família Bolsonaro, ou gente ligada a Bolsonaro. A maior parte da mídia, nestes anos, publicou literalmente milhares de páginas e transmitiu milhares de horas de “jornalismo investigativo”, na forma de “consórcio” e no estilo “tudo leva a crer”, denunciando a hipótese de que o crime “teria sido” cometido nessas esferas elevadas (é uma nova prática da mídia brasileira: denunciar a hipótese). Não deu para afirmar, com todas as letras, que o ex-presidente era o responsável pelo assassinato da ex-vereadora do Rio de Janeiro. Mas ficou-se na base do “está na cara que foi ele”. O presidente Lula, em pessoa, disse que Bolsonaro “deveria” estar envolvido.

Descobriu-se, afinal, quem foram os mandantes do crime: dois políticos e um peixe graúdo da polícia do Rio de Janeiro, e as ligações dos políticos estão do lado exatamente oposto ao que se tem dito há seis anos: na esquerda, e não na direita. Um dos denunciados, é verdade, aparece numa foto de anos atrás num veículo de carreata da campanha de Flávio Bolsonaro. Em compensação, está provado, também com fotos, que fez campanha por Dilma Rousseff. Muito pior: até o mês de fevereiro foi secretário do prefeito Eduardo Paes, que sucedeu a Sergio Cabral (400 anos de cadeia por corrupção) como atual herói de Lula no Rio de Janeiro. Outro dos acusados, seu irmão, foi salvo por ninguém menos que Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça de Lula, quando o seu mandato de deputado foi cassado por “captação ilícita de votos” – o ministro, então no STF, anulou a cassação. Resumo da ópera: é mentira, simplesmente, que Bolsonaro tenha tido qualquer envolvimento com o caso – e durante seis anos a esquerda e a mídia militante sustentaram essa mentira.

É um dos momentos mais baixos do presente governo Lula. Logo depois de se provar que o presidente e a sua mulher, Janja, contaram uma mentira grotesca, dizendo que Bolsonaro havia sumido com móveis do Palácio do Alvorada (“levaram tudo”, acusou Lula) eles têm de engolir, agora, que o mandante da morte de Marielle não foi quem acusaram. Os 261 objetos em questão foram localizados, até a última peça, dentro do próprio palácio. O assassinato da vereadora foi bater em gente do seu próprio lado. Nada mais humilhante para o governo do que o silêncio obrigatório com que tiveram de receber a notícia. Lula, que fala sobre absolutamente tudo, não disse uma sílaba sobre a descoberta dos mandantes – nem uma que seja. O vice-presidente do PT se viu na obrigação de declarar que os denunciados pelo crime não eram nem “culpados” e nem “inocentes”. Os PTs, PSols etc. que deveriam estar exigindo histericamente a prisão de “Bolsonaro” como o responsável por todo esse horror sumiram do mapa – uns murmúrios aqui e ali, elogiando “a justiça”, e mais nada. A imprensa investigativa nem pensou em fazer investigação nenhuma.

A verdade, no Brasil de Lula, não está valendo uma moeda de 50 centavos.

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