Durante audiência pública realizada na Assembleia Legislativa do Acre, o geógrafo e professor Claudemir Mesquita, conhecido por sua atuação em defesa do Rio Acre, apresentou um panorama detalhado sobre a atual situação do rio, ressaltando os impactos da falta de preservação ambiental na região.
Mesquita iniciou sua exposição com uma frase que sintetiza a urgência da questão: “Decreto não produz água”. Ele destacou que as medidas oficiais adotadas até agora não têm sido suficientes para preservar rios e nascentes fundamentais para a região. Um dos principais fatores que agravam as secas e enchentes no Rio Acre, segundo o professor, é a ausência da mata ciliar ao longo de centenas de igarapés.
“Nunca culpam os homens que não preservam a mata ciliar. A mata ciliar é o instrumento ambiental que as cidades ribeirinhas necessitam para evitar secas, cheias e desastres”, enfatizou.
Além disso, Claudemir apontou que a falta de educação ambiental e a ocupação desordenada das margens dos rios contribuem significativamente para a degradação do ecossistema. Ele citou a derrubada de matas para criação de gado e a poluição dos cursos d’água, afirmando que hoje, nos maiores rios, corre esgoto, foligem, areia e barro no lugar da água limpa.
O professor lembrou ainda eventos históricos que marcaram a crise hídrica no Acre, como a seca de 2005, que levou o Departamento Estadual de Água e Saneamento do Acre (Depasa) a instalar bombas auxiliares para garantir o abastecimento em Rio Branco, além das enchentes registradas em diversos anos recentes: 1997, 2007, 2012, 2015 e 2018.
Finalizando sua fala, o geógrafo fez um apelo enfático:
“Já passou da hora de arregaçar as mangas. Temos na mão o poder de legislar, sensibilizar e educar as comunidades para usar sustentavelmente os recursos naturais. Se nada for feito, vou acreditar que os poderes e os gestores vivem ao lado dos ricos, achando que não existem dias sombrios para os rios.”