Na manhã desta terça-feira, 18, recebi uma ligação do amigo radialista Nésio Mendes. Ele chamou minha atenção para a seguinte manchete: “Justiça determina que tal município reforme escola”.
Pera lá. A justiça agora precisa obrigar a prefeitura a fazer o mínimo? Quer dizer que, se não houver decisão judicial, a escola segue caindo aos pedaços, e ninguém se mexe? O cidadão desse certo município no interior do Acre acordou hoje com essa notícia e, se tem um mínimo de bom senso, deve estar se perguntando: quem é o incompetente da vez?
Afinal, onde estavam os gestores municipais? Onde estava a direção da escola, que deveria zelar pelo prédio onde crianças e jovens passam boa parte do dia? O conselho de educação do município também estava ocupado demais para notar a situação? E o sindicato dos professores, tão rápido para reclamar de salários, não percebeu que os próprios filiados trabalhavam em condições insalubres?
E a Câmara de Vereadores, aquela que deveria fiscalizar o Executivo? Nenhum vereador passou pela escola nos últimos anos? Ou estavam todos muito ocupados com moções de aplauso e homenagens para ver a estrutura desmoronando?
Se a justiça precisa intervir para que algo tão básico como uma reforma de escola aconteça, então não temos mais administração municipal, só um teatro ridículo onde políticos fantoches fingem governar enquanto esperam que o Judiciário tome as decisões por eles. Nesse ritmo, daqui a pouco, podemos dispensar prefeitos e vereadores – melhor já entregar a chave da prefeitura para um juiz e chamar isso de governo.
E antes que alguém venha com mimimi, isso não é uma crítica pessoal a A, B ou C. O problema não é um nome, é o modelo. Essa é a política que temos: um bando de acomodados que só se move quando alguém vem com um papel timbrado e a ameaça de multa. Esse é o retrato do que há de pior na administração pública brasileira: a arte de não fazer nada e ainda achar normal.