O líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ), decidiu entrar na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) após uma série de vitórias do governo Lula. Sóstenes chega como suplente no bloco do qual seu partido faz parte, junto de União Brasil, PP, MDB, PSD, Republicanos, Podemos e a federação PSDB-Cidadania.
“Entrei para contribuir e colaborar com o belo trabalho do líder Rogério Marinho (PL-RN) no Senado, para a gente voltar a ganhar os requerimentos nas próximas semanas”, afirmou o deputado ao Estadão.
Reforçado na CPI do INSS, o governo Lula conseguiu reverter o cenário que deu a presidência e a relatoria da comissão para a oposição e garantir a maioria em todas as últimas votações mais controversas.
A articulação da base governista garantiu que José Ferreira da Silva – irmão de Lula conhecido como Frei Chico – não fosse convocado e impediu a prisão do presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) Milton Baptista de Souza Filho, conhecido como Milton Cavalo. O Sindnapi é o sindicato ao qual Frei Chico é ligado.
Na perspectiva da oposição bolsonarista, o trabalho do governo junto a aliados de centro configura uma “blindagem” a figuras que seriam importantes para contribuir com as investigações que apuram o esquema fraudulento de desconto não autorizado em associativas. Para eles, as sucessivas vitórias do Centrão se devem ao “fisiologismo” do grupo.
Nesta sexta-feira (17), após visitar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em sua casa em Brasília, onde cumpre prisão domiciliar por ter descumprido medidas cautelares do Supremo Tribunal Federal (STF), Sóstenes disse à imprensa que “confia muito no trabalho do Rogério Marinho para reorganizar a base novamente”, e que a oposição vai voltar a apresentar um novo requerimento pra convocar o Frente Chico.
Cobrança por mais articulação
Na conversa com Sóstenes, Bolsonaro cobrou maior articulação entre presidentes de partidos de direita contra Lula, de olho nas eleições de 2026. “Bolsonaro entende que precisa mais – e ele vai conversar com Valdemar na próxima semana (sobre isso) – que os presidentes de partido estejam se reunindo com mais frequência para que a gente possa ter ainda mais resultados positivos, para enfrentar o atual governo, visando em especial a eleição de 2026”, afirmou o líder do PL na Câmara à imprensa na saída da visita ao ex-presidente.
Em setembro, o União Brasil e o Progressistas (PP) anunciaram o desembarque oficial do governo Lula, antecipando a articulação de uma candidatura competitiva na direita para derrotar o PT em 2026. Os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de Goiás, Ronaldo Caiado (União), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), são cotados para liderar esse movimento, mas a escolha do nome ainda não foi decidida.
Sóstenes diz que Bolsonaro lhe perguntou como está a articulação pela anistia do 8 de Janeiro. O tema interessa ao ex-presidente, que pode ser beneficiado pelo texto que os bolsonaristas tentam, ainda sem sucesso, aprovar na Câmara, de modo a perdoar todos aqueles investigados por atos antidemocráticos desde 2019.
Sóstenes detalhou o seguinte panorama: o deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP), relator do projeto, aguarda o texto ser devolvido pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), na terça-feira, com o compromisso do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de pautá-lo para votação. Caso a proposta devolvida pelos articuladores preveja a redução de penas – e não a anistia “ampla, geral e irrestrita”, como cobram os bolsonaristas -, a bancada do PL vai apresentar um destaque para ampliar o perdão.